Uma das grandes preocupações do Papa é sem dúvida o conflito no Oriente Médio. Inúmeras foram as iniciativas de Francisco para por fim a estes intermináveis conflitos. Estas diversas iniciativas são frutos desta grande preocupação com a dignidade humana – violentamente violada nestas realidades – e as condições de vida dos cristãos, que, em muitas partes do Oriente Médio, sofrem de maneira particularmente pesada as consequências das tensões dos conflitos em curso.
Estas realidades causam uma grande inquietação no coração do Sumo Pontífice, como ele mesmo destaca:
No próximo sábado, 7 de julho, o Papa retornará a região da Puglia, na Itália, para uma peregrinação de oração pela paz no Oriente Médio.
Esta iniciativa contará com a presença de lideranças religiosas de diversas confissões. A cidade de Bari se tornará neste dia o púlpito de “oração e reflexão sobre a situação dramática daquela região, onde tantos de nossos irmãos e irmãs continuam a sofrer, e vamos implorar a uma so voz: ‘A Paz esteja convosco’”. (Papa Francisco).
Diante desta iniciativa do Papa, devemos recordar que todo o esforço para a paz é necessário e possível. Vale a pena recordar que em Bari, onde se realizará a peregrinação, repousa para a veneração dos cristãos, as relíquias de um grande Santo que é um grande sinal de unidade entre católicos e ortodoxos, São Nicolau.
Nicolau e Bari são uma combinação inseparável, pois no distante 1087 as relíquias do bispo de Myra chegaram às costas da Puglia. Entre a cidade e seu patrono, um vínculo mais profundo foi estabelecido ao longo do tempo, como se fossem um, uma identidade simbiótica. Nicolau é de Bari e Bari pertence a Nicolau. Por quase um milênio, a cidade tem tido uma peregrinação contínua e crescente ao seu sepulcro. Em Bari as passagens de muitos povos, de diferentes nacionalidades e confissões religiosas, se cruzam.
A Basílica dedicada a ele é um lugar de encontro e diálogo, quase um posto avançado de comunhão em vista da esperada reconciliação de todas as Igrejas.
Os restos mortais de São Nicolau descansaram em Myra (Ásia Menor, hoje Turquia) por volta de 750 anos (337-1087), enquanto seu culto (especialmente desde o século IX) se espalhou universalmente. Então, graças a um golpe de sorte, suas relíquias foram trazidas para Bari, mudando a história desta cidade. E além disso como “de Myra”, dali em diante ficou conhecido como S. Nicola di Bari. É a cidade de São Nicolau, hoje como então, porque Bari – desde o início – é São Nicolau, o Santo vindo do mar em cujo nome Oriente e Ocidente convergem reconciliando e redescobrindo as raízes comuns do Mediterrâneo de sua civilização.
Os testemunhos da universalidade do culto de São Nicolau são numerosos e constantes. O importante The Oxford Dictionary of Saints o chama de um dos santos mais venerados tanto no Oriente como no Ocidente. Em seu “O Livro dos Santos”, os beneditinos de Santo Agostinho de Ramsgate o chamam de um dos santos mais populares da cristandade. Ainda mais imperativo é “Um Dicionário Biográfico dos Santos”, com a seguinte declaração: “Nicolau de Myra, um bispo e confessor, o santo mais popular do cristianismo, muito comemorado por todas as nações, especialmente a Igreja Russa cismática, Igrejas e inúmeras capelas dedicadas a ele “. Mesmo a Enciclopédia Católica, o Santo de Myra e Bari é um dos santos mais populares, tanto da Igreja grego e latina.
Um sinal palpável de sua imensa popularidade é dada pela propagação de seu nome em todo o mundo, especialmente se considerarmos suas variantes, e o número de igrejas dedicadas a ele.
A figura de São Nicolau desempenha um papel importante nas relações ecumências, porque ele é o Santo mais venerado na Ortodoxia e, especialmente, no mundo eslavo. Esses aspectos desta devoção estão enraizados em sua personalidade histórica, que uniu uma grande firmeza na fé (luta contra heresias e paganismo), uma propensão igualmente decisiva para o diálogo. São Nicolau incorporou o verdadeiro espírito do ecumenismo: amor pela verdade e amor por aqueles que pensam de forma diferente em questões de fé.
Pela primeira vez em 2017, depois de 930 anos, as relíquias de São Nicolau de Bari, deixaram a Basílica construída para sua veneração em terras italianas, para serem expostas na Rússia para veneração do povo ortodoxo. Na Catedral de Cristo Salvador em Moscou e em São Petersburgo. Uma multidão que muitas vezes esperava até nove horas numa fila, para poder beijar ou ao menos ver um fragmento de osso de 13 centímetros pertencente a São Nicolau, o bispo de Myra, no mosteiro de Aleksandr Nevskij.
São João Paulo II, também peregrino em Bari no dia 26 de fevereiro de 1984, assim também como seu sucessor Bento XVI que participou da conclusão do Congresso Eucarístico nacional no dia 29 de maio de 2005. Papa Wojtyla, em particular, para os 900 anos da transladação de Myra a Bari da relíquia do santo, promulgo uma constituição apostólica reafirmando aquela específica vocação da Igreja de Bari e da Puglia da promoção da atividade ecumênica.
A busca pelo diálogo não é somente um discurso, mas uma necessidade para por fim a muitos conflitos que comprometem a dignidade humana. Com isso, o Papa em seu twitter nos pede que o acompanhemos nesta peregrinação com as orações: