“Madre Teresa […] inclinou-se sobre as pessoas indefesas, deixadas moribundas à beira da estrada, reconhecendo a dignidade que Deus lhes dera […]. A sua missão nas periferias das cidades e nas periferias existenciais permanece nos nossos dias como um testemunho eloquente da proximidade de Deus junto dos mais pobres entre os pobres […] Parece-me que, talvez, teremos um pouco de dificuldade de chamá-la de Santa Teresa: a sua santidade é tão próxima de nós, tão tenra e fecunda, que espontaneamente continuaremos a chamá-la de ‘Madre Teresa’”. Com estas palavras, Papa Francisco recordava Madre Teresa, por ocasião da sua canonização em 14 de setembro de 2016.
Nascida em Skopje, hoje Macedônia, no dia 26 de agosto de 1910, em uma família albanesa originária de Kosovo, Agnes Gonxha Bojaxhiu decidiu ser uma irmã religiosa aos 18 anos e entrou na ordem das Irmãs de Loreto, onde recebeu o nome de irmã Mary Teresa, em homenagem à Santa Teresa de Lisieux.
Em 1946, Madre Teresa recebeu a “chamada no chamado” que a levou a fundar, quatro anos depois, a comunidade religiosa das Missionárias da Caridade que foi reconhecida oficialmente na Arquidiocese de Calcutá. Hoje, as Missionárias da Caridade, ou simplesmente as Irmãs de Madre Teresa, como são comumente chamadas, são cerca de seis mil no mundo e estão presentes em 130 países.
Em 1948, a pequena irmã do sorriso iluminado vestiu pela primeira vez o sari branco bordado de azul e saiu do convento para as periferias degradadas de Calcutá, para se dedicar para sempre aos mais pobres. Madre Teresa saía sempre com o terço nas mãos, para buscar e servir a Ele naqueles que “não são desejados, não são amados, não são cuidados”. Alguns meses depois uniram-se a ela, uma depois da outra, algumas suas ex-alunas.
Depois que Paulo VI deu a concessão para que as atividades das Missionárias da Caridade se espalhassem para fora da Índia, a popularidade da pequena irmã, com uma fé firme como uma rocha, cresceu muito. Todos lembravam dela como uma mulher pequena, delicada, com seu sari branco e azul, mas cuja grandeza conquistava o coração das pessoas no mundo inteiro, mesmo nos que não crêem. Uma notoriedade que aumentou muito por causa de sua sua amizade com São João Paulo II.
O afeto e a admiração por Madre Teresa sempre ultrapassou os limites da fé, e a sociedade civil concedeu-lhe o Prêmio Nobel da Paz em 1979, “pelo seu serviço pelos pobres e com os pobres”. Na ocasião, consciente de ter diante de si uma plateia mundial, a pequena irmã do sorriso iluminado usou seu discurso de agradecimento para lançar uma mensagem na qual falou do aborto. Célebre a sua frase: “E se nós aceitamos que uma mãe pode matar até mesmo o seu próprio filho, como é que podemos dizer às outras pessoas para não se matarem?”, De fato, Madre Teresa dedicou-se muito em favor da vida e contra o aborto. Um compromisso que durou toda a vida e que foi recordado por São João Paulo II na homilia por ocasião da sua beatificação: “Costumava dizer: ‘Se ouvirem que alguma mulher não deseja ter o seu filho e pretende abortar, procurem convencê-la a trazê-lo para mim. Eu o amarei, vendo nele o sinal do amor de Deus”.
Menos de dois anos depois da sua morte, por causa da sua grande fama de santidade e das graças obtidas pela sua intercessão, São João Paulo II permitiu a abertura da Causa de Canonização. Em 19 de outubro de 2003 foi proclamada beata. “Estou pessoalmente grato a esta mulher corajosa, que senti sempre ao meu lado […] – afirmava durante a homilia São João Paulo II – ia a toda a parte para servir Cristo nos mais pobres entre os pobres. Nem conflitos nem guerras conseguiam ser um impedimento para ela […] Ela escolheu ser não apenas a mais pequena, mas a serva dos mais pequeninos […]. A sua grandeza reside na sua capacidade de doar sem calcular o custo, de se doar ‘até doer’. A sua vida foi uma vivência radical e uma proclamação audaciosa do Evangelho”.
Toda a vida e a obra de Madre Teresa oferecem testemunho da alegria de amar e do valor das pequenas coisas feitas com fidelidade e com amor. Ainda hoje, os sinais da sua presença são tangíveis através das suas obras que as Missionárias da Caridade levam adiante em todo o mundo.
Fonte: Vatican News