Este mês, mais uma vez, vamos celebrar a Semana Santa e eu gostaria, a partir da premissa logo abaixo, fazer algumas ponderações.

A premissa é esta: A falta de ligação entre cada um dos eventos da Semana Santa e a vida de cada fiel, fez com que a Semana Santa fosse ressignificada pelas pessoas de diversas maneiras.

Vejamos alguns exemplos:

Para alguns, a Semana Santa passou a ser apelo sentimental. É apresentada de tal forma que toca os sentimentos das pessoas, provocando pena, compaixão etc., onde as pessoas são impactadas pelo que aconteceu com Nosso Senhor Jesus Cristo. Isto deixa marcas nas pessoas. Mas, estas marcas vão perdendo forças ao logo do ano. Para estas pessoas a Semana Santa é linda.

Para outras pessoas, a Semana Santa é nostalgia e novidade. Procuram Semana Santa onde as celebrações são realizadas segundo os ritos antigos e com bastante teatralidade ensaiada. Buscam, além do que já comum em todas as Semanas Santas, celebrações como o ofício das trevas, a procissão do fogaréu etc. É também um apelo sentimental; mas, um apelo muito mais voltado pela beleza plástica das encenações.

Para outras pessoas ainda, a Semana Santa é oportunidade para mostrar problemas sociais, segundo uma ótica específica. Situações sociais que afetam materialmente falando parte do povo, mesmo que minoria. Não são contemplados nenhum outro aspecto da vida humana. Fica a Semana Santa presa à materialidade, excluindo por completo a transcendentalidade; deixando entender claramente que a missão de Nosso Senhor Jesus Cristo é apenas uma libertação material.

Para um quarto grupo de pessoas, a Semana Santa é um feriado. Para os que trabalham, o feriado começa na Sexta Feira da Paixão e vai até Domingo de Páscoa, onde eles saem na quinta feira, após o trabalho. Para os que já estão aposentados, o feriado começa mais cedo, podendo ser a semana toda. Vão passar a semana santa na praia, num sítio ou aproveitando pacotes de viagens da Semana Santa, oferecidos por agências de viagem. Mas, não podemos esquecer, há aqueles que preferem ficar em casa, talvez maratonando uma série de televisão que gostem.

A primeira ponderação que gostaria de fazer é que a redenção que Nosso Senhor Jesus Cristo veio realizar, com sua Paixão-Morte-Ressurreição, não é só e puramente material; mas, em todos os sentidos. Qualquer tentativa reducionista, por mais bem intencionada que seja, não está correta.

A segunda ponderação que gostaria de fazer é que, em cada evento da a Semana Santa, o cristão precisa se ver. Nos momentos de vitória, de sucesso de Nosso Senhor Jesus Cristo, o cristão precisa se ver, com sua próprias vitórias e sucessos. Nos momentos de injustiça, de perseguição de Nosso Senhor Jesus Cristo, o cristão precisa se ver, com as injustiças e perseguições que sofreu. O cristão, então, aprende a colocar sua confiança só em Deus. No Domingo de Páscoa, onde Nosso Senhor Jesus Cristo emerge vitorioso do túmulo, o cristão poderá dizer: ‘eu sei em quem depositei toda a minha confiança’.

A Semana Santa se torna, então, aprendizado, conversão, comunhão, fé, esperança etc. Eu me vejo em de Nosso Senhor Jesus Cristo e vejo de Nosso Senhor Jesus Cristo em mim.

Pe. Aloísio