O urubu não tem capacidade de matar, mas passa o dia todo esperando que isto aconteça a alguém porque ele vive disto. O que quero chamar a atenção aqui não é o fato de o urubu viver de carniça e não ter a capacidade de matar, tendo que ficar esperando que alguém faça isto por ele ou que algum animal morra, para que ele se alimente; mas para o fato dele não fazer mais nada de sua vida.
Todos nós que nos colocamos a serviço, precisamos de alguém que necessite de seus préstimos: padres, médicos, advogados, professores, garis, cuidadores de idosos e doentes, lojistas, bancários, policiais etc. Já pensou se não houvesse mais pessoas enfermas no mundo? Se não houvesse mais estudantes no mundo? Se não houvesse mais lixo e nem sujeira nas ruas a serem recolhidos? Se todas as pessoas fossem 100% materialistas?
Quem se coloca a serviço precisa de pessoas que necessitem de seus préstimos. No entanto, as pessoas que servem não resumem suas vidas nisto. Elas têm sonhos, projetos, desejam chegar a algum lugar, alcançar um objetivo. É isto que movimenta as suas vidas, é isto que as mantêm vivas. É claro que em seus sonhos, projetos e desejos, o fato de servirem sempre estará presente.
Então, pergunto a você: Você tem sonhos, projetos, deseja alcançar algum objetivo? Ou é como o urubu, não faz mais nada a não ser servir em sua profissão ou em outra área? Sua vida se resume em atender às necessidades dos outros e nunca atender às suas próprias necessidades? Você deixa as suas necessidades (sonhos, projetos, desejos) em segundo plano? Ninguém pode dar aos outros o que não tem. Se você não atende às suas necessidades (sonhos, projetos, desejos), como vai poder atender as dos outros?
Uma pessoa sem sonhos, projetos e desejos, vivendo apenas do hoje, sem perspectivas para o futuro, sem um sonho a realizar, sem um projeto pessoal pelo qual lutar, sem desejo de crescer, melhorar, progredir; fica parado no tempo e no espaço, fica à beira do caminho. Torna-se uma máquina, fazendo a mesma coisa todo dia, sem chegar a lugar algum. Então passa a invejar aqueles que tem sonhos, projetos e desejos e os realizam.
Eu já vi alguém que, quando adulto, arranjou uma profissão, casou, teve filhos; mas, sempre morou na mesma casa e sempre teve a mesma vida e as mesmas condições de vida. Acostumou-se com isto. Depois de anos, encontra um colega ou um conhecido ou um amigo de antigamente, que está progredindo em seus sonhos, projetos e desejos, pessoa que, hoje, está muito melhor do que estava naquela época; estudou, arranjou emprego melhor ou é dono de seu próprio negócio, tem outro padrão de vida, tornou-se uma pessoa melhor etc. ou chegou a um estilo de vida mais solto, leve, mais feliz; e descobre que ficou parado no tempo e no espaço.
Às vezes a pessoa nem se mudou, desapareceu; mas, sempre esteve ali, no bairro; mas progrediu e está sempre crescendo. Então, a pessoa que não cresceu passa a fazer parte da família do urubu, ou seja, não tem capacidade de fazer nada em sua própria vida, mas vive olhando e torcendo para que algo dê errado na vida de outra pessoa, porque passa a se alimentar disso.
Tem muitas pessoas que torcem e se alegram com a desgraça dos outros; pois, em suas próprias vidas não tem nada com o que se alegrar ou torcer. São meros expectadores de suas vidas, ao invés de serem protagonistas de sua própria história.
Pe. Aloísio