Não pode haver vida cristã autêntica e uma missão eficaz da Igreja sem a oração. É por isso que mensalmente chega a todos os fiéis do mundo o convite de Francisco para rezar pela intenção escolhida em colaboração com a Rede Mundial de Oração do Papa, a Obra Pontifícia criada em março de 2018, como resultado da reforma do Apostolado de Oração iniciada em 2014.
O diretor internacional da Rede é desde 2016 o padre jesuíta Fredéric Fornos, que em 3 de janeiro foi recebido pelo Papa Francisco. No centro da audiência, a escolha das intenções de oração para o próximo ano, enquanto para 2019 todo o material que servirá para divulgar as mensagens do Papa – também através da linguagem do vídeo – já está pronto.
Em relação à próxima Jornada Mundial da Juventude no Panamá, a intenção sugerida para o mês em curso é: “Pelos jovens, especialmente pelos da América Latina para que, seguindo o exemplo de Maria, respondam ao chamado do Senhor para comunicar ao mundo a alegria do Evangelho”.
Que a oração seja fundamental para a Igreja foi comprovado também em outubro passado, quando o Papa Francisco convidou todos os fiéis para a recitação diária do Rosário, para pedir a Maria e a São Miguel Arcanjo para proteger a Igreja do diabo que sempre busca dividir a comunidade cristã. Um convite que, confirma aos nossos microfones padre Fornos, teve grande adesão em todo o mundo.
Mas é necessário ter tempo para rezar? Como é possível encontrá-lo em meio a dias muitas vezes frenéticos? De acordo com o diretor internacional da Rede Mundial de Oração do Papa, mais do que tempo, há necessidade de regularidade: tire um momento, sempre o mesmo, todos os dias, ainda que seja apenas 5, 10 minutos, para parar, ficar quieto e ficar em contato com o Senhor. Isso pode ser suficiente para transformar nosso coração.
Mas como acontece a escolha das intenções de oração de cada mês e como o Santo Padre se coloca diante desta missão? Após a audiência com o Papa Francisco, o padre Fornos descreveu à Rádio Vaticano – Vatican News o caminho realizado:
R. – Na realidade, é um longo processo, porque recebemos de toda a Rede Mundial de Oração do Papa sugestões para os desafios da humanidade e para a missão da Igreja. As sugestões chegam também dos Dicastérios, das Congregações, dos vários Conselhos, que estão aqui no Vaticano. Com todas estas propostas sobre o que cada pessoa pode sentir no mundo como desafios para a missão da Igreja, é feito um grupo internacional de discernimento, que escolhe aquelas que parecem ser as mais importantes, de forma a mobilizar toda a Igreja na oração. Depois disso, fazemos um esboço para o Santo Padre, que toma tempo para rezar, para refletir sobre essas sugestões. No final nos encontramos – como aconteceu dia 3 – e o Santo Padre diz o que considera e como expressar e apresentar suas intenções. É muito simples: pegamos uma folha e ele escreve. Portanto, é um longo processo que será concluído no final de janeiro. No início de fevereiro, o L’Osservatore Romano publicará oficialmente as intenções do Santo Padre para 2020. Essas intenções serão traduzidas nas diversas línguas e divulgadas, mês a mês, por meio de uma mensagem em vídeo do Papa.
A propósito da força da oração, em outubro passado, o Papa Francisco pediu a todos os fiéis que rezassem para proteger a Igreja do demônio. Você receberam ecos desse convite?
R. – Sim, claro. Quando o Santo Padre nos pediu para lançar esta campanha de oração para o mês de outubro – rezar o Santo Rosário todos os dias – preparamos não somente material digital – portanto a plataforma de oração “Click to pray” e a mensagem em vídeo do Papa – mas também materiais para as paróquias de todo o mundo. Teve um impacto muito grande: milhões de pessoas usaram esse material para rezar naquele mês. Penso que isso também tenha contribuído para a criação de um clima favorável para o Sínodo dos Bispos com os jovens. Como o Santo Padre havia dito, era preciso rezar pela unidade da Igreja, contra tudo aquilo que nos divide, encontrando cumplicidade em nós mesmos, convivências com o mal: não se pode sair de tudo isto sem uma conversão pessoal. E isto é também o que Francisco disse na Carta aos seus irmãos bispos dos Estados Unidos: não se pode mudar, lutar contra os abusos de poder, de consciência, abusos sexuais, unicamente com uma melhor organização, com novos protocolos. Não é somente uma questão de organização, mas é também uma exigência de conversão pessoal. E somente o Senhor, com a oração, pode mudar o nosso coração.
Francisco fala frequentemente da oração, de como ele reza. Muitas vezes disse que rezar é colocar-se diante de Deus, simplesmente. Para aqueles que dizem: “Mas eu não tenho tempo”, o que o senhor poderia aconselhar?
R. – Penso que sempre temos tempo para fazer muitas outras coisas. É uma questão de decisões. Sempre temos tempo para ler um livro, um jornal ou assistir um filme. Tempo sempre existe. Muitas vezes não devemos pensar que a oração precisa de muito tempo. O importante é dedicar um momento todos os dias: como a gota de água que cai sobre a pedra, que caindo, caindo, sempre de forma regular, acaba transformando a própria pedra. Assim acontece com a oração: quando é feita todos os dias, mesmo que somente por cinco ou dez minutos, mas verdadeiros e próximos ao coração do Senhor, então isso nos ajuda a transformar nosso coração de pedra em um coração de carne. Por isso lançamos – especialmente para os jovens – a plataforma de oração do Papa, que se chama “Click to pray”. Aqui há três momentos de oração a cada dia, a partir de 1 minuto, mas são sessenta segundos de silêncio para ouvir a Palavra, para ficar próximos ao coração do Senhor. Isso pode ser já o início de nossa transformação.
Fonte: Vatican News