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Palavra do Padre
ALOISIO VIEIRA

MÊS DE maio de 2025
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Os sábios cegos e o elefante

Não devemos nos esquecer a lenda indiana dos sete sábio cegos que tentavam identificar um elefante, por meio do tato. Adaptada por Heloisa Prieto e John Godfrey Saxe, vamos a ela, esta lenda tem origem no subcontinente indiano. Diz que, numa pequena cidade, viviam sete sábios cegos, que aconselhavam às pessoas na solução de seus problemas. Eles eram amigos entre si, mas também eram bastante competitivos, na busca de saberem quem era ao mais sábio. Um deles, que vamos chamar de o sétimo sábio, cansou-se da disputa, resolveu abandoná-los e foi morar nas montanhas.

Num belo dia, um comerciante chegou à cidade, montado num belo elefante africano. O fato chamou a atenção de todos, não pelo comerciante, mas pelo elefante, pois as pessoas nunca tinham visto um animal daquele porte, nem mesmo os sábios cegos. Todos saíram de suas casas e de todos os lugares, para vê-lo. Os cegos também; mas, como é óbvio, não puderam vê-lo e, por isto, rodearam o elefante para tocá-lo.

O primeiro sábio apalpou a barriga do animal e disse que se parecia muito com uma parede. O segundo sábio, tocando nas suas presas, o corrigiu dizendo que era muito parecido com uma lança. O terceiro sábio, que segurava a tromba do elefante, retrucou dizendo que era muito parecido com uma cobra. A mão do quarto sábio acariciava o joelho do elefante e contestou, dizendo que era muito parecido com uma árvore. O quinto sábio gritou, quando mexia nas orelhas do elefante, é muito parecido com um abano. Já o sexto sábio, que tocava a cauda, irritado, rebateu dizendo que todos estavam errados, pois era é muito parecido com uma corda.

Estavam ainda discutindo quando o sétimo sábio cego, descendo das montanhas, apareceu conduzido por uma criança. Ouvindo a contenda, pediu ao menino que desenhasse no chão a figura do elefante. Então, tateando os contornos do desenho, percebeu que todos os sábios estavam certos e iludidos ao mesmo tempo. Agradeceu ao menino e afirmou que é assim que todos os homens que buscam, de coração sincero e reta intenção, a verdade, comportam-se perante ela. Ou seja, pegam apenas uma parte, pensam que é o todo, e continuam tolos!

Nós conhecemos apenas a verdade do mundo, que está envolta em muitas ilusões. A ilusão do ter, do poder, do prazer, da beleza, do status etc. Muitos são os enganados por uma ou mais destas ilusões, colocando-as como referências basilares de suas vidas. Vão descobrir que não passam de ilusões quando e se notarem que elas não preenchem o vazio de seus corações. Aqueles que não se deixam enganar por estas ilusões, agarram-se a valores humanos como honestidade, justiça, honradez, fraternidade, partilha, serviço ao próximo, convivência harmoniosa e não predatória para com a natureza etc. No entanto, são como os sábios, veem partes da verdade, continuando como tolos. Isto porque vendo só parte da verdade, tiram conclusões erradas, como fizeram os seis primeiros sábios.

O sétimo sábio viu toda a verdade por meio do desenho que a criança fez no chão. Esta criança é Jesus Cristo, que nos revela toda a verdade na Boa Nova que nos anunciou. “(…) Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” (Jo.14,6) A Verdade transcende e fundamenta o mundo e os valores humanos. Não basta ser honesto, justo, honrado, fraterno, partilhar etc. É preciso saber porque. O fundamento e a razão para ser e viver assim é a fé. A pessoa deve ser e viver a honestidade, a justiça, a honradez etc., não porque recebe vantagens, mas porque tem fé.

Caminhamos, como peregrinos, para a casa do Pai. A nossa morada definitiva não é neste mundo. Observe estes versículos: “Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam. Mas ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração.” (Mt. 6,19-21) “Não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que não se veem; porque as que se veem são temporais, e as que não se veem são eternas.” (2Cor. 4,18) “Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.” (1Jo. 2,15-17)

Importante notar que Deus e o mundo não estão em oposição, ou um ou o outro; mas, Deus é o fundamento do mundo e não o contrário.

Pe. Aloísio Vieira