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Palavra do Padre
ALOISIO VIEIRA

MÊS DE julho de 2025
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Verdades que doem

A virtude está no equilíbrio, já falamos disto aqui em nosso ‘Anúncio em Ação’. Equilíbrio é um dos sinais de maturidade e é essencial para a vida em sociedade e principalmente para vida em comunidade eclesial. E quando falamos de equilíbrio, falamos de equilíbrio em tudo: entre o emocional e o racional, entre vivência dos valores evangélicos e a realidade na qual estamos inseridos, entre a proximidade uns dos outros e o distanciamento que preserva nossa individualidade e identidade etc.

Mesmo na vivência dos valores evangélicos é necessário o equilíbrio. Devemos partilhar o que temos e o que somos, até determinado ponto. Partilhar o que temos até o ponto em que não vai nos faltar o essencial para a vida presente. É claro que há na Bíblia a passagem da viúva de Sarepta (1Rs,17,8-24), onde ela abriga e sustenta o profeta Elias durante um período de fome em Israel, mesmo estando em extrema pobreza. Mas há também a passagem Bíblica (Mt.25,35-45), onde Jesus bendiz àqueles que socorreram os necessitados e, ao fazer isto, socorreram o próprio Jesus, partilhando o que tinham. Porém devemos nos atentar para o fato de que quem deu de comer ao que tinha fome, o fez porque tinha o que dar; quem deu de beber ao sedento, o fez porque tinha água; quem acolheu o peregrino, o fez porque tinha onde o acolher; quem deu roupas ao que estava nu, o fez porque tinha roupas para partilhar; quem visitou o enfermo, o fez porque não estava doente: quem visitou o prisioneiro, o fez porque não estava preso. Em outras palavras, quem socorreu, o fez porque se compadeceu e tinha com o que socorrer. E quem não socorreu, o fez porque não se compadeceu, mas tinha com o que socorrer. Desta maneira, a questão da qual Nosso Senhor se refere aqui não é ter ou não os meios para socorrer, pois todos tinham; a questão é compadecer ou não. Partilhar o que somos, nossos dons, talentos e habilidades, até o ponto em que isto não vá nos esgotar, nos estafar, nos colocar em depressão.

Ainda no caso dos valores evangélicos, servir até o ponto em que a pessoa necessitada realmente esteja precisando e realmente não possa fazer sozinha. Poderíamos falar de outros dos valores evangélicos, mas creio que já é o suficiente.

Quando falamos do equilíbrio, principalmente entre a vivência dos valores evangélicos e a realidade na qual estamos inseridos, o propósito é que nem sejamos insensíveis, construindo uma couraça em torno de nós mesmos, danificando nossa própria humanidade; nem sejamos ingênuos a ponto de se aproveitarem de nós, nos fazendo de instrumentos para alcançarem interesses mesquinhos, egoísticos e individualíssimos.

Quanto à realidade na qual estamos inseridos, devemos estar atentos para, em primeiro, o fato de que quanto mais dependermos dos outros, menos valor teremos para eles. Quanto mais demonstrarmos fraqueza, mais seremos desprezados, desvalorizados. Quanto mais demonstrarmos carência, mais seremos evitados. O mundo não respeita quem vive implorando por atenção.

Segundo ponto, destacar-nos em alguma coisa, será visto como atrativo para as pessoas tentarem nos derrubar, pois incomoda. Os medíocres odeiam quem se recusa a ser como eles. Geralmente, destacar-se em alguma área é visto como ameaça pessoal e não como alegria, pois alguém conseguiu; como incentivo, ele conseguiu, eu também consigo.

Terceiro ponto, a vida não perdoa quem é fraco. Não há manual, não tem essa de coitadinho. Ou fazemos por nós mesmos, ou nos preparemos, a vida vai nos engolir. Ninguém pode fazer por nós o que é de nossa responsabilidade fazer.

Quarto ponto, a maioria de nossas amizades são por puro interesse. Experimenta perder tudo que tem, e veja quantos amigos realmente ficarão do seu lado. E aqui vai um spoiler, poucos ficarão.

Quinto ponto, ninguém realmente se importa com o nosso sofrimento de verdade. Pode chorar, gritar, que o mundo vai continuar girando, as pessoas vão continuar fazendo o que fazem todos os dias. Então façamos o seguinte, levantemo-nos e nos salvemos a nós mesmos. Porque ficar esperando pelos outros é o caminho mais rápido para a frustração.

Sexto ponto é, dinheiro compra sim, e muita felicidade. O dinheiro não compra amor verdadeiro. Mas compra paz, segurança, liberdade, e isso é muita felicidade.

Pe. Aloísio Vieira