As Novas Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil atualizam as diretrizes anteriores, reafirmando a caminhada pastoral e missionária da Igreja no Brasil, impulsionadas pela Conferência de Aparecida e pela exortação Apostólica Evangelii Gaudium, do Papa Francisco, em vista de uma Igreja em saída.
A centralidade da evangelização é a pessoa de Jesus Cristo, o Missionário do Pai (nº 1 e 12) que percorre “cidades e povoados, proclamando e anunciando o Evangelho do Reino de Deus” (Lc 8,1). Com esta motivação, somos desafiados a pensar a evangelização nos tempos atuais, “no Brasil cada vez mais urbano”. A cultura urbana nos desafia pastoralmente e nos impele a pensar novos métodos e propostas para evangelizar. É o que nos indica o Objetivo Geral das Novas Diretrizes:
EVANGELIZAR no Brasil cada vez mais urbano, pelo anúncio da Palavra de Deus, formando discípulos e discípulas de Jesus Cristo, em comunidades eclesiais missionárias, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, cuidando da Casa Comum e testemunhando o Reino de Deus rumo à plenitude.
A Missão da Igreja é evangelizar. Como discípulos missionários, somos chamados a formar Comunidades Eclesiais Missionárias, cuidar da Casa comum e testemunhar o Reino de Deus. O cuidado com a “Casa Comum” está estreitamente ligado com a “evangélica opção preferencial pelos pobres”. Na “Laudato si”, Papa Francisco fala de “Ecologia Integral”, para referir ao compromisso de se trabalhar pelo futuro do planeta e dos povos, principalmente dos pobres.
COMUNIDADES ECLESIAIS MISSIONÁRIAS
A grande proposta das Novas Diretrizes é formar “comunidades de discípulos missionários”, na linha de paróquia comunidade de comunidades. O que se propõe: revitalizar as Comunidades Eclesiais, na proposta de Igreja nas casas. A casa é apresentada como um lugar de entrar e sair. Entrar para o convívio, para o descanso, para se alimentar; sair para continuar a missão, pois, a missão acontece no mundo. A Igreja nas casas nos faz voltar às fontes e nos lembra os primeiros cristãos que se encontravam nas casas (At 12,12; 16,15 e 1Cor16,19), “como o seu lugar característico de reunião, ajuda mútua e do fortalecimento da vivência missionária. Nelas os cristãos ouviam juntos a Palavra e, por esta iluminados, procuravam discernir a experiência da vida em Deus”(DGAE nº 88).
Estas pequenas comunidades missionárias são animadas e coordenadas por leigos, não dispensando a presença dos padres, diáconos e demais agentes pastorais, como colaboradores. Neste sentido, está a valorização dos vários ministérios e o protagonismo dos leigos e leigas, pois as Comunidades Eclesiais Missionárias serão pequenas comunidades organizadas e espalhadas pelo território da Paróquia.
OS PILARES DA COMUNIDADE ECLESIAL MISSIONÁRIA
Na construção desta casa (comunidade), as Novas Diretrizes nos indicam quatro pilares, que serão a base da Comunidade Eclesial Missionária, o que lhe dará sustentação:
Pilar da Palavra: Iniciação à Vida Cristã (como adesão a Jesus Cristo), e Animação Bíblica da vida e da pastoral (valorização da Palavra).“Todo esse processo de iniciar alguém na fé cristã supõe um encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo, proporcionado de forma privilegiada pela celebração da Palavra de Deus e pela leitura orante” (DGAE 88).
Pilar do Pão: liturgia e espiritualidade (aspecto celebrativo e vida de oração). “A comunidade eclesial, como casa que nutre seus filhos, é sustentada pela oração. Na comunidade de fé cultiva-se uma verdadeira vida de oração, enraizada na Palavra de Deus…” (DGAE 95).
Pilar da Caridade: a serviço da vida (as questões sociais, defesa da vida e ação sócio transformadora, desafios ecológicos e consciência ambiental…). “Na fé cristã, a espiritualidade está centrada na capacidade de amar a Deus e ao próximo” (DGAE 102), “em uma postura de serviço, diálogo, respeito à dignidade da pessoa humana, defesa dos excluídos e marginalizados, compaixão, busca da justiça e do bem comum, e cuidado com o meio ambiente” (DGAE 104).
Pilar da Ação Missionária: estado permanente de missão (anúncio de Jesus Cristo e do seu Evangelho). “A Igreja é por sua natureza missionária” (RMi 62), e a missão é a essência da Igreja. Papa Francisco nos desafia a pôr a missão “na vida e no coração da Igreja” (Carta de Papa Francisco ao Cardeal Filoni).
Cleiton Marcos- CPP
Fonte: CNBB. DOC 109