Após intensa preparação e pauta construída coletivamente, inspirados pela força celebrativa do 14º Intereclesial de Londrina, pela vitalidade das CEBs no Brasil e motivados pelos compromissos assumidos no final do Intereclesial, reunimo-nos neste Ano Nacional do Laicato, para a I Ampliada Regional das CEBs do Noroeste, em Porto Velho, de 20 a 22 de abril.
A Ampliada Regional é um espaço privilegiado de comunhão para dar continuidade à caminhada e articulação das CEBs no Regional, com momentos de partilha, celebração, reflexão, avaliação, reconstrução e reorganização das Comunidades Eclesiais de Base neste nosso chão amazônico. Presentes, os articuladores das CEBs e os coordenadores diocesanos das Dioceses do Acre, Sul do Amazonas e Rondônia.
Neste Tempo Pascal, marcados pela Ressurreição, iniciamos nosso Encontro de forma celebrativa, percorrendo o itinerário dos discípulos de Emaús (Lc 24,13-32) e nos questionando: Partindo do que “vimos e ouvimos” (1Jo 1,3), o que ainda “aquece o nosso coração” (Lc 24,32 ) para continuarmos na caminhada?
Com o canto Nossa Vida é Missão, conscientes de nossa responsabilidade de testemunhas do Ressuscitado, colocamo-nos por inteiro, trazendo no nosso coração de leigos e leigas, as alegrias, angustias e anseios das nossas comunidades amazônidas e o nosso compromisso com a sociedade e nossos irmãos pobres, excluídos e marginalizados. Fizemos memoria, através do filme, da celebração do 14º Intereclesial das CEBs de Londrina, partilhando nossa experiência de participação e de convivência com as comunidades de todas as regiões do Brasil.
Olhando para a situação econômica e política
Com o mesmo olhar dos discípulos caminhantes de Emaús, perplexos com a realidade e sofridos com a situação de nosso país e do povo brasileiro espoliado de seus direitos, refletimos mediante a analise de conjuntura apresentada pelo Prof. Sérgio Luiz de Souza, doutor em Sociologia (Unesp) com atuação na Área de Sociologia e História na Universidade de Rondônia (UNIR). Contextualizamos os avanços democráticos e retrocessos no ultimo ano, o autoritarismo e a negação dos direitos e da dignidade dos cidadãos os movimentos de resistência e superação. Fomos questionados: Quais os processos fundamentais que estão direcionando a atual situação brasileira no aspecto político, cultural e econômico? Quais são os processos autoritários no Brasil com retirada de direitos e desestabilização do Estado? O que nós, sociedade, instituição e movimentos, temos feito para superar os processos autoritários? No que avançamos e produzimos quanto à autonomia e fortalecimento dos processos de resistência?
A partir do olhar de Jesus e da Doutrina Social da Igreja (DSI) que nos ajuda a compreender e viver a práxis social e cristã, aprofundamos com Pe. Juquinha e a Assessora Lilian Moser o VER da nossa realidade de CEBs presentes na Amazônia, voltando o olhar para as nossas ações sociais e eclesiais. Iluminada pelo Ensino Social Cristão, a Igreja vive o seu profetismo no mundo, anunciando e defendendo a dignidade da pessoa que exclui qualquer tipo de discriminação; o bem comum e a destinação universal de todos os bens como prática evangélica de compromisso com Jesus Cristo, que veio ao mundo “para que todos tenham vida em abundância” (Jo 10,10), e, ainda, defendendo o direito ao trabalho e anunciando o princípio da solidariedade. Por isso, a Doutrina Social da Igreja é essencialmente prática pastoral; é o Evangelho vivido nas bases, mediadoras sociais da política, dos sindicatos e movimentos, das associações e ONGs à luz da fé libertadora. Fé alimentada pela Palavra de Deus e pelo amor e serviço aos pobres e descartados que nos faz antever a sociedade sendo permeada pelos valores do Evangelho: a verdade, a gratuidade e os direitos humanos. A preocupação básica da Doutrina Social da Igreja é a construção do Reino de Deus anunciado e vivido por Jesus Cristo: um Reino de Justiça, de Fraternidade e de Paz.
Como caminhantes, com os pés e coração no Ano do Laicato, acolhemos a realidade dos leigos e agendas para esse ano de 2018 através do Sr. Carlos do Conselho do Laicato de Porto Velho.
No Caminho de Emaús
O Evangelho de São Lucas, 24, 13-32, no contexto do “Caminho de Emaús”, foi a iluminação do Momento de Revisão e Avaliação da caminhada das CEBs do Regional Noroeste no período de 2014 a 2018: juntos, de forma orante, conduzido pelo Assessor da Pastoral da Juventude do Regional Noroeste, Álvaro Pereira, olhamos para trás, dialogamos e avaliamos o caminho percorrido junto as nossas comunidades, o planejamento, a organização, os avanços e as dificuldades das CEBs urbanas, ribeirinhas, migrantes e rurais das dioceses/prelazia.
Foi um momento no qual “vimos e ouvimos” (1Jo 1,3), que precisamos ser, de fato, “uma Igreja em saída” (EG 24), em missão permanente (“Saída missionária” (EG 20). Precisamos realizar encontros formativos, analisar a conjuntura social, politica, econômica e eclesial, em nível local, nacional e mundial. Devemos assumir os compromissos como leigos com a identidade das CEBs, pois, avançamos pouco e sofremos resistências, recuamos em muitos pontos, demonstramos falta de profetismo e capacidade de superação. Comunidades com dificuldades no relacionamento, causadas pelas lideranças, coordenadores de comunidades que se fecham dificultando o dialogo; Comunidades orantes e celebrativas sem a práxis, ou seja, se reza e celebra muito, mas nada de ação social concreta e encarnada com a vida do povo. Constatamos compromisso e protagonismo da juventude na organização e realização do Encontro Nacional da Pastoral da Juventude (ENPJ/2018) no Acre contudo, no dia a dia, nossos jovens têm dificuldade em se expressar diante do autoritarismo, sentem que não tem credibilidade, em outras realidades falta o protagonismo jovem.
Partilhar experiências entre comunidades é uma forma de animar a caminhada. A formação permanente na base contribui para superar as barreiras e repensar a caminhada das CEBs. Precisamos incentivar leigos e leigas à participação de conselhos paritários, formação de fé e política nas comunidades, fortalecer os grupos bíblicos e de reflexão, redescobrir o verdadeiro sentido de participar de uma Comunidade Eclesial de Base, fortalecer a fé e acreditar num mundo possível a partir dos pobres sem vez e sem voz, utilizar os meios de comunicação para divulgar e expressar a identidade e a espiritualidade das CEBs. Desenvolver ações em conjunto com a Juventude.
AGIR Concreto
Sentindo a urgente necessidade de retornar às fontes que são as nossas comunidades e beber desse poço rico de água viva e abundante, ASSUMIMOS para o ano de 2018, ano do Laicato e de preparação ao Sínodo da Amazônia, juntamente com os compromissos já programados nas dioceses/prelazia, REFLETIR o Ano Eleitoral, a partir das Cartilhas da CNBB “Eleições 2018” e o momento atual político e social nas bases. PREPARAR até dezembro/2018, material formativo, a partir da realidade, história e caminhada das comunidades de cada diocese.
Como os discípulos de Emaús, retornamos para nossas Comunidades, cheios de alegria, coragem e fé, determinados a nos tornarmos testemunhas do Ressuscitado e Comunidades missionarias, verdadeiramente uma Igreja em saída!
Fonte:CEBs