Celebramos neste dia, 2 de novembro, a liturgia do Dia dos Finados, um dia que é um desafio à nossa vida de oração bem como ao nosso testemunho cristão. Dizemos isso, pois devido ao sentimento de perda ante aos nossos entes queridos, nem sempre vivemos a espiritualidade deste dia como homens e mulheres que aceitam o mistério da morte à maneira dos santos e da Virgem Maria. Acerca disso nos alerta Santo Afonso de Ligório: “Se nós temos tamanho horror à morte é porque amamos pouco ao Senhor”.

Todavia, somos chamados a ter um olhar espiritual sobre todas as coisas. Dessa forma, compreende-se que de um cristão que professa sua fé na ressurreição dos mortos e na vida do mundo que há de vir, é esperado que tendo sua saudade sublimada pelo desejo do céu, o dia de hoje deve ser um dia de oração, propício para rezarmos com especial fervor pelas almas. Aqui, vale ressaltar que a oração pelos cristãos defuntos é atestada já nas catacumbas dos primeiros séculos, e constante em toda a história da Igreja.

Acerca destas orações, nos inspira o Doutor da Igreja do século IV, São João Crisóstomo: “Levemos-lhe socorro e celebremos a sua memória. Se os filhos de Jó foram purificados pelos sacrifícios de seu pai (Jó 1,5), porque duvidar que as nossas oferendas em favor dos mortos lhes leva alguma consolação? Não hesitemos em socorrer os que partiram e em oferecer as nossas orações por eles”. Para este dia, a Igreja oferece a todos os fiéis a possibilidade de lucrarem, em favor das almas do Purgatório, uma indulgência plenária, juntamente com a confissão sacramental, comunhão eucarística e oração pelas intenções do Santo Padre.

Em uma das aparições, a Virgem Maria disse a Santa Bernadete: “Não prometo fazer-te feliz nesse mundo, mas sim no outro”. Supliquemos a intercessão de Nossa Senhora para que vivamos com dignidade nesta terra, cientes que o que está preparado para nós na glória de Deus é infinitamente melhor, pois “aquilo que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou, tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam” (I Cor 2, 9).