“A gestão da Igreja está sendo pensada, o que não é de hoje. A Igreja sempre foi referência de organização, agora que nós estamos nos adaptando às novas leis”. A fala é do ecônomo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), monsenhor Nereudo Freire Henrique, que tem feito um trabalho de sensibilização dos responsáveis por instituições ligadas à Igreja para que entendam a gestão como aliada no trabalho de evangelização.
Na última terça-feira, 7 de agosto, durante o curso para os novos bispos, realizado na sede provisória da CNBB, em Brasília (DF), monsenhor Nereudo falou aos novos prelados sobre gestão, os desafios no ambiente eclesial, o retrato atual da gestão das dioceses e paróquias e da necessidade de recuperar a espiritualidade que está atrelada a este trabalho administrativo.
Foram apresentadas questões sobre personalidade jurídica, legislação, planejamento e organização patrimonial. O ecônomo sugeriu ações para o cumprimento de obrigações legais e práticas que podem ser eficientes do ponto de vista gerencial.
“Temos a legislação que cobra das instituições determinados comportamentos e o gestor tem que ter conhecimento e construir equipes que deem suporte”, afirmou. Para monsenhor Nereudo, padre e bispos não devem ter medo de buscar pessoas que consigam dar esta contribuição, no caso, profissionais qualificados.
A recuperação de ferramentas, como o planejamento, também é importante, segundo o ecônomo: “Assim como temos o planejamento pastoral, assim vamos ter também o planejamento administrativo, que exige a participação de todo o pessoal que está envolvido, clareza nos objetivos, estabelecimento de metas, organização que possa ajudar no percurso que será percorrido, bom senso na administração, estratégias, recuperação de lideranças e papeis a partir de necessidades”.
A planilha orçamentária é outra ferramenta importante e está dentro do planejamento. Um orçamento organizado, segundo monsenhor Nereudo, dá ao gestor uma antecipação daquilo que vai acontecer no futuro do ponto de vista financeiro-econômico.
A questão contábil também teve destaque na fala do ecônomo da CNBB, que explicou sobre “SPED contábil”, que é Sistema Público de Escrituração Digital, e seus benefícios no planejamento e no cumprimento das obrigações com o governo.
“A contabilidade é um retrato em números daquele momento que a instituição está vivenciando. Na contabilidade você vai conseguir visualizar o patrimônio da instituição. É como aquela senhora que está na capela que compra o vinho, a vela, que paga a energia e a água da capela: tudo isso vai ter um reflexo na contabilidade da paróquia, da diocese, que mensalmente você consegue montar os balancetes e anualmente os balanços. E aqui interessa a contabilidade, em primeiro lugar ao gestor. Se eu conheço a minha realidade, o meu patrimônio, eu vou fazer um planejamento, saber onde eu posso investir, o que eu posso planejar”.
Monsenhor Nereudo também falou sobre as novidades do programa e-social, dom Governo Federal, que a partir deste ano, irá incluir as informações com dados e folhas de pagamento dos funcionários de empresas do terceiro setor, como a CNBB. Foi sugerido aos bispos que em cada diocese tenha um pequeno grupo que possa fazer o levantamento das informações que vão alimentar este sistema. “A partir do momento em que as coisas estiverem organizadas, irá fluir e servir a todos com rapidez e que possa trazer benefícios”, espera.
O último tópico da fala de monsenhor Nereudo foi a questão patrimonial e a necessidade de organização deste acervo nas dioceses, principalmente nas cidades antigas, onde não se tinha escritura e onde ocorriam doações sem um elemento formal. “E a gente está sugerindo que seja feito nas dioceses um levantamento patrimonial para abastecer a peça contábil com os registros e também o controle. Digo que o patrimônio bem organizado traz uma receita para a instituição”, ensina Nereudo.
Sobre o trabalho com regionais e dioceses, o ecônomo da CNBB sustenta que busca despertar nos bispos o desejo de atuação pensando na gestão transparente, “para que assim possamos nós também cobrarmos das instituições, sejam privadas ou públicas, um comportamento transparente”. Neste trabalho de assessoria Brasil afora, ele tem sido solicitado juntamente com o assessor jurídico-civil da Conferência dos Bispos, o advogado Hugo José Sarubbi Cysneiros Oliveira.
Fonte: CNBB