A Igreja Católica chama de Purgatório o estado onde acontece a purificação das almas após a morte, como nos ensina o Catecismo (§ 1030): “Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora tenham garantida sua salvação eterna, passam, após sua morte, por uma purificação, a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do Céu”.

Aqui, vale ressaltar que tal verdade de fé se fundamenta nas Sagradas Escrituras, pois apesar do termo “purgatório” não existir na Bíblia, o conceito doutrinário deste lugar de purificação existe, como podemos conferir em 1 Coríntios 3,15; Apocalipse 21,17; Mateus 12,32; Mateus 5,23-26; 1 Coríntios 3,11-15.

Nestas e em outras tantas passagens do Novo Testamento, vemos que existe sim um lugar de purificação, que por vezes é chamado de mundo vindouro, prisão ou até limbo dos antepassados. Entretanto, o ensinamento sobre o Purgatório tem raízes já na crença dos próprios judeus do Antigo Testamento, cerca de 200 anos antes de Cristo, quando ocorreu o episódio de Judas Macabeus (2Mc 12,39-45).

Conta-se que alguns soldados judeus foram encontrados mortos num campo de batalha, então, imediatamente, Judas Macabeus mandou fazer uma coleta para que fosse oferecido em Jerusalém um sacrifício pelos pecados desses soldados, e se colocou em oração por eles, que é um outro aspecto que vale ser destacado aqui: a oração pelos fiéis falecidos.

No texto de Macabeus fica claro que os judeus oravam pelos seus mortos e por eles ofereciam sacrifícios, prática que estava apoiada sobre a crença na ressurreição dos mortos. Ademais, é de se afirmar que este costume era constante entre os primeiros cristãos, como atestam as inscrições encontradas em numerosos túmulos e arcas funerárias cristãs, que comprovam que estes praticavam algum rito ou oração para que seus parentes ganhassem de alguma forma a salvação.