O Papa destacou como muitas vezes no Evangelho Jesus faz este contraste e alguém poderia “etiquetar” Cristo como “comunista”, mas “o Senhor, quando dizia essas coisas, sabia que por trás das riquezas havia sempre o espírito maligno: o senhor do mundo”. Por isso, disse uma vez: “Não se pode servir a dois senhores, servir a Deus e servir às riquezas”.
Também no Evangelho de hoje há um contraste entre os ricos que “depositavam ofertas no tesouro” e uma viúva pobre que depositava duas pequenas moedas. Esses ricos são diferentes do rico Epulão: “não são maus”, destacou o Papa. “Parecem ser pessoas boas que vão ao Templo dar uma oferta”. Trata-se, portanto, de um contraste diferente. O Senhor quer nos dizer outra coisa quando afirma que a viúva lançou mais do que todos porque deu “tudo quanto tinha para viver”. “A viúva, o órfão, o migrante, o estrangeiro eram os mais pobres na vida de Israel” a ponto que quando se queria falar dos mais pobres, se fazia referência eles. Esta mulher “deu o pouco que tinha para viver” porque confiava em Deus, era uma mulher das bem-aventuranças, era muito generosa: “dá tudo porque o Senhor é mais que tudo. A mensagem desta trecho do Evangelho é um convite à generosidade”, evidenciou o Papa.
Diante das estatísticas da pobreza no mundo, das crianças que morrem de fome, que não têm nada para comer, não têm remédios, tanta pobreza – que se ouve todos os dias nos telejornais e nos jornais – é uma atitude positiva questionar-se: “Mas como posso resolver isto?”. Nasce da preocupação de fazer o bem. E quando uma pessoa que tem um pouco de dinheiro se pergunta se o pouco que tem serve, o Papa responde que sim, “como as duas pequenas moedas da viúva”.
Um chamado à generosidade. E a generosidade é uma coisa de todos os dias, é uma coisa que nós devemos pensar: como posso ser mais generoso com os pobres, com os necessitados… como posso ajudar mais? “mas o senhor sabe, padre, que nós mal chegamos ao final do mês” – “mas sobra alguma pequena moeda? Pense: é possível ser generoso com estas… Pense. As pequenas coisas: façamos, por exemplo, uma viagem nos nossos quartos, uma viagem no nosso armário. Quantos sapatos tenho? Um, dois, três, quatro, 15, 20… cada um pode dizer. Demasiados… Eu conheci um monsenhor que tinha 40… mas se você tem tantos calçados, dê a metade. Quantas roupas que não uso ou uso uma vez por ano? É um modo de ser generoso, de dar o que temos, de compartilhar.
Depois, Francisco contou que conheceu uma senhora que quando fazia compras no supermercado, sempre comprava para os pobres 10% do que gastava: dava o “dízimo” aos pobres, destacou.
Nós podemos fazer milagres com a generosidade. A generosidade das pequenas coisas, poucas coisas. Talvez não fazemos isso porque não pensamos. A mensagem do Evangelho nos faz pensar: como posso ser mais generoso? Um pouco mais, não muito… “É verdade, padre, é assim, mas… não sei porque, mas sempre há o medo…” Mas há outra doença, que é a doença contra a generosidade hoje: a doença do consumismo.
Doença que consiste em comprar sempre coisas. O Papa recordou que quando vivia em Buenos Aires “todo final de semana tinha um programa de turismo-compras”: o avião lotava na sexta à noite e se dirigia a um país a cerca de 10 horas de voo e todo o sábado e parte do domingo ficavam comprando. Depois voltavam.
Uma doença séria, a do consumismo, de hoje! Eu não digo que todos nós fazemos isso, não. Mas o consumismo, o gastar mais do que precisamos, uma falta de austeridade de vida: este é um inimigo da generosidade. E a generosidade material – pensar nos pobres, “isso posso dar para que possam comer, para que se vistam” – essas coisas, tem outra consequência: alarga o coração e o leva à magnanimidade.
Trata-se, portanto, de ter um coração magnânimo onde todos entram. Concluindo, o Papa exortou a percorrer o caminho da generosidade, iniciando com um “controle em casa”, isto é, pensando “naquilo que não me serve, que servirá a outra pessoa, para um pouco de austeridade”. É preciso pedir ao Senhor “para que nos liberte” daquele mal tão perigoso que é o consumismo, que torna escravos, uma dependência do gastar. “É uma doença psiquiátrica.” O Papa concluiu: “Peçamos esta graça ao Senhor: a generosidade, que alarga o nosso coração e nos leva à magnanimidade.”
Fonte: Vatican News