Cinquenta dias após a Páscoa do Senhor, a Igreja celebra a Solenidade de Pentecostes, que este ano será no dia 20 de maio. Na liturgia, com a celebração de Pentecostes, se encerra o tempo pascal e é retomado o tempo comum.
Em artigo publicado na edição de abril-junho da Revista Bote Fé da Edições CNBB, o arcebispo metropolitano de Belém do Pará, dom Alberto Taveira Corrêa, fala sobre a vinda do Espírito Santo. No texto, ele relata que a ação do Espírito Santo não se restringe ao interior da vida eclesial, mas se estende e se realiza onde quer que se faça o bem.
“De fato, todo suspiro de perfeição e bondade em qualquer recanto da terra tem nele sua fonte. E no tempo da Igreja, até a volta gloriosa do Senhor, o Espírito Santo conduz a Igreja e todos os cristãos” e continua “A vida espiritual, como convite a todos os que escolhem Deus como tudo de sua existência, é chamada à plenitude, no exercício das virtudes e no acolhimento dos dons do Espírito Santo, nos frutos do mesmo Espírito e às bem-aventuranças.”, destaca.
Dom Alberto reflete ainda que as virtudes fazem as pessoas participarem da vida sobrenatural de Cristo de modo “humano”, como um exercício a que a teologia espiritual chama de “ascese”, árduo caminho de subida até o monte que é Cristo.
“Virtudes são hábitos infundidos pela graça de Deus, iluminados pela fé e fortalecidos pela caridade. Elas são como músculos, forças espirituais que atuam na pessoa, pela graça de Deus. Dentre tantas, a fé, esperança e caridade, virtudes teologais, e as virtudes morais da prudência, justiça, fortaleza e temperança”.
Os sete dons do Espírito, a sabedoria, o entendimento, o conselho, a fortaleza, a piedade e o temor de Deus (Is 11, 1-2) também estão no texto mostrando que os cristãos participam da mesma riqueza de Cristo, pois recebem de sua plenitude “graça sobre graça” (Jo 1, 16).
“Os dons do Espírito Santo são hábitos sobrenaturais infundidos nas pessoas para que recebam com prontidão as iluminações e moções do Espírito. Trata-se daquilo que a teologia espiritual chama de “mística”. Os dons do Espírito Santo têm a medida do presente que vem de Deus, cuja bondade não tem limites, mas nos “sete dons”, e sete é número bíblico que indica perfeição, reconhecem-se as ações gratuitas de Deus destinadas aos seus filhos”, explica.
De forma bem singela e profunda, o bispo explica cada um desses dons. “Em nossa razão atua o dom da sabedoria, para julgar corretamente as coisas divinas, descobrindo o sabor dado por Deus à vida, em seu plano de salvação. Para que em nós exista a paixão pela verdade, é concedido o dom do entendimento. A ciência é dom do Espírito que leva a pessoa a conhecer as coisas criadas segundo Deus. O conselho orienta as decisões práticas do dia a dia. Em nossa vontade, o Espírito Santo age com a fortaleza, para vencer o medo dos perigos e frear os impulsos da agressividade. O temor de Deus orienta as decisões e leva a vencer a desordem nos sentimentos. Por sua vez, o dom da piedade suscita um coração bom em relação a Deus, aos e parentes, à comunidade e no trato social”.
O arcebispo de Belém do Pará, finaliza o artigo dizendo que a vida cristã, no encontro de dons e virtudes, caminho de amor e comunhão entre Deus e a humanidade, floresce, enfim, nos frutos do Espírito Santo: “amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, lealdade, mansidão, autodomínio” (Gl 5, 22).
Ele diz ainda que a prática das bem-aventuranças expressa a maturidade da vida cristã: a pobreza de espírito, a mansidão, as lágrimas, a fome e a sede da justiça, a misericórdia, a pureza de coração, a paz e a perseguição por causa da justiça, a mais perfeita delas, que equivale o martírio e abarca todas as outras.
“O Espírito Santo, o grande dom do Cristo Ressuscitado, derramado e acolhido do primeiro e dos sucessivos Pentecostes da vida da Igreja, venha sobre todos nós!”, conclui.
Fonte: CNBB