No cotidiano da Igreja, o calendário religioso chama-se Ano Litúrgico. Nele contém as datas dos acontecimentos da história da salvação, e esta disposição tem como objetivo contribuir para que os fiéis façam memória destes fatos, que embora passados, exercem até hoje, grande influência em nossas vidas.

Para colaborar com a compreensão do mistério de Cristo, o Ano Litúrgico é dividido em tempos, sendo que o Advento, Natal, a Quaresma e a Páscoa têm características próprias, e as 34 semanas que não fazem parte destes tempos, são denominadas de Tempo Comum. Este se dá em dois momentos durante o ano litúrgico, o primeiro sucede ao Advento do Natal e o segundo, depois do Tempo Pascal.

Sendo assim, na Festa do Batismo de Jesus, demos início ao Tempo Comum, cuja espiritualidade nos sugere a “encontrar o extraordinário no comum”, como bem nos alertou o Cardeal Orani João Tempesta. Neste tempo, somos convidados a estar atentos à presença de Deus nas pequenas coisas do cotidiano, não somente em grandes acontecimentos.

Contudo, esta percepção só nos é possível, se desacelerarmos e se tivermos, nem que seja por uma pequena parte de tempo diariamente, um olhar contemplativo sobre a vida, e aqui vale destacar o que é a contemplação.

Santo Agostinho nos diz que ela é “uma deliciosa admiração da verdade resplandecente”, e São Francisco de Sales que é uma “simples e permanente atenção do espírito às coisas divinas”. Nada tem a ver com ociosidade ou lentidão, pois é uma valiosa atividade mental e espiritual que nos possibilita uma experiência de fé com um Deus que se deixa encontrar.

Portanto, entende-se que a contemplação não é só para religiosos, mas todos os batizados são convidados a vivê-la, tanto que muitos santos ao longo da história da Igreja recomendaram para que vivamos como “contemplativos no meio do mundo”.

Que este Tempo Comum seja para nós uma forte experiência de contemplar e perceber a ação de Deus junto a nós, e admirando-O, mergulhar nos Seus mistérios.