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Palavra do Padre
ALOISIO VIEIRA

MÊS DE outubro de 2023
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A essência do cristão na liturgia e na vida

Eu não estou no mundo para exercer esta ou aquela profissão ou para viver o casamento com fulano(a) etc; ou ser feliz fazendo estas ou outras coisas. Eu nasci para viver em comunhão com Cristo, minha felicidade vem daí. Estas coisas ou estados são meios para que eu possa me unir a Jesus. A carta de São Paulo aos Romanos, capítulo 8, versículo 35: “Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação? A angústia? A perseguição? A fome? A nudez? O perigo? A espada?” é maravilhosa. Se algum dia não puder exercer esta ou aquela profissão (ficar tetraplégico ou outra coisa) ou viver o sacramento do matrimônio (ficar viúvo(a) ou qualquer outra coisa, isto não me separará do amor de Cristo. Só quem pode me separar do amor de Cristo sou eu mesmo, virando as costas para Ele (no pecado).

O mais importante é viver o amor com Cristo. Jesus veio e implantou em nossos corações o amor como qual Ele quer ser amado. Como exercer esse amor a Cristo, por meio da liturgia, como uma pessoa que serve, como quem promove a oração das outras pessoas? A primeira coisa é saber rezar.

No entanto, as pessoas não sabem rezar; pois, quando rezam, querem começar de fora para dentro, trazendo para a oração outras pessoas, situações que estão acontecendo ou pelas quais estão passando ou que as incomodam etc. Rezar é de dentro para fora. O cristianismo não é a casca, a aparência. A casca é farisaica. Não devermos buscar a aparência de justo e de santo. O cristianismo não é isto, o cristianismo é amor.

Também devemos assinalar que, rezar de dentro para fora, tem desvios. Como aqueles que pensam de forma moralista, preocupados com o pecado. Claro que o pecado é importante. Importante é lutar contra o pecado; mas, o mais importante ainda é o amor a Cristo, a união com Ele. É preciso ensinar as pessoas a amar Jesus. O exercício desse amor, dessa fé e dessa caridade é oração. As pessoas não sabem rezar e daí toda essa confusão litúrgica (pode ou não pode bater palmas, dançar, balançar as mãos etc.).

A melhor preparação litúrgica é fazer silêncio e rezar. Se a pessoa fica incomodada com o silêncio na igreja, ela não está preparada para atuar na liturgia e para o canto litúrgico. Muitas vezes a liturgia, como um todo, fica no ativismo do fazer isto e aquilo e também aquilo outro e não num agir que brota da oração, do relacionamento amoroso com Jesus. A liturgia e o canto litúrgico brotam do silêncio orante, brotam da alma que sabe rezar, que tem um encontro com Cristo. É importante dar às pessoas a oportunidade deste silêncio orante. Oportunidade de aprenderem a amar Jesus, em estado de graça, no silêncio orante, comungando bem, rezando, visitando o sacrário e adorando Jesus etc. Elas devem sentir e ver esse versículo da carta de São Paulo aos Romanos, capítulo 8, versículo 35: “Quem nos separará do amor de Cristo?” A experiência do relacionamento do amor, amar e ser amado.

Devo sentir que Jesus, por amor a mim, veio do céu para me amar e cuidar de mim e eu também vou amar Jesus e cuidar Dele, em meu coração. Ele deu a vida por mim e eu vou dar a vida por Ele. É a partir desta relação que vou atuar na liturgia, no canto litúrgico e em todas as áreas.

Mas, louvar a Deus é difícil; por isto, sabendo Deus de nossa dificuldade em louvá-Lo, nos deu a língua para fazê-lo, que são os Salmos. Os Salmos são o livro mais importante do Antigo Testamento neste sentido. É o maior livro, 150 capítulos (Salmos). Nele encontramos toda a história da Salvação, louvor e súplica, em todas as situações da vida (alegria, tristeza, derrota, fracasso, vitória, sucesso etc.). Como diz São Bernardo, “Deus quer que o amemos, pois sabe que serão felizes aqueles que o amarem.” Este é o cerne do agir litúrgico, do canto litúrgico e de todas as outras áreas. Sem isto, o canto litúrgico vai virar uma questão de gosto: eu gosto de canto gregoriano, eu gosto de canto polifônico, eu gosto de MPB, eu gosto de canto da luta popular etc., uma coisa subjetiva.

Outra coisa sobre a música litúrgica é que cada pessoa tem a sua cultura musical, sua referência musical, e sair disto é custoso, difícil. É como perder uma pessoa. Nem todo mundo tem a sensibilidade musical. Muitas vezes temos no grupo musical litúrgico pessoas sinceras, honestas, de boa vontade; pessoas que querem ajudar, mas não tem esta sensibilidade musical. Então elas servem com o que possuem. É preciso despertar esta sensibilidade musical nestas.

Pe. Aloísio Vieira