Certa vez ouvi o pastor Cláudio Duarte dizer, mais ou menos, o seguinte: “Um pássaro só é seu se estiver solto perto de você. O pássaro que está na gaiola, não é seu. Ele pode até ser seu, prisioneiro. Mas, não seu de verdade. Aquilo que é seu de verdade você não precisa prender. Você não deve prender a pessoa para poder dizer que é sua, pois não será. Você não é dono, a pessoa não é sua propriedade. Ela está com você porque ela quer. Você é o pássaro? Não entre na gaiola, não se deixe prender. Não se arrisque em relacionamentos tóxicos, perigosos, inseguros ou incertos. Não diga sim em ambiente nebuloso, com pouca visibilidade.”
Eu já disse isto, o tempo de namoro e de noivado não foi instituído sem mais nem menos. Tem um propósito. Estes dois tempos também não são apenas para curtição, badalação etc. São tempos para que o casal vá entrelaçando suas vidas, adaptando-se um ao outro, como seixos do meio do rio. As pedras da margem do rio são pontiagudas, ásperas, cortantes. As pedras do meio do rio são lisas, sem pontas e não cortantes. Elas foram lapidadas. Um amigo meu, Pe. José Luiz da Silva, disse a mim certa vez que é o balançar da carroça que ajeita as abóboras.
Concomitantemente estes dois tempos devem ser usados para que a paixão se transforme em amor. A tempestade, a tormenta, da paixão se transforme em chuva fina, mansa, constante do amor. Todo casamento deve ser edificado no amor e não na paixão.
É nestes dois tempos também que o casal vai criando confiança um no outro. Confiança é importante porque um vai entregando a sua vida ao outro e vice versa. A confiança é como cristal, quando quebra não tem como remendar, reparar, precisa ser substituído. Quando o marido perde a confiança de sua esposa ou a esposa perde a confiança de seu marido, não há como remendar. A parte que perdeu a confiança da outra, precisa reconquistar, precisa substituir o cristal. Vai ter que conviver com a desconfiança até conseguir recolocar a confiança no lugar.
Por outro lado, a confiança é, muitas vezes, confundida com o sentimento de posse, de meu ou de minha, de conquistado ou de conquistada. O homem pensa ‘não preciso mais conquistar minha esposa’ ou a mulher pensa ‘não preciso mais conquistar meu marido’. Este é o ledo engano de muitos maridos e de muitas esposas. É aí que a vaca vai para o brejo. O marido precisa estar sempre conquistando a sua esposa e a esposa precisa estar sempre conquistando seu marido. Os dois precisam manter o interesse de um no outro. Não pode ser como a criança que, no Natal, ganha o presente desejado, brinca entusiasmada no início, mas depois o esquece num canto. Quando outra criança se interessa por ele, corre, toma da mão dela e diz ‘é meu’ e torna a guardar.
O pássaro solto, que não vai embora, mas fica em torno de você é verdadeiro significado do equilíbrio entre confiança e manutenção do interesse. A esposa está ao lado do marido porque quer, o marido está ao lado da esposa porque quer. De livre e espontânea vontade. Se sente seguro e confortável em sua companhia e, ao mesmo tempo, sente-se atraído/atraída por você.
Reveja o seu casamento, procure garantir que seja assim e você verá e sentirá que o seu relacionamento vai melhor e muito. Se você está na fase de namoro ou de noivado, vá adaptando o seu relacionamento nestes moldes.
Que Nosso Senhor nos abençoe a todos, para que nossas famílias sejam cada vez mais segundo o Seu Sagrado Coração. Que Nossa Senhora esteja sempre ao lado das mulheres, inspirando-as a serem sempre as esposas, segundo o seu Sagrado Coração. Que São José esteja sempre ao lado dos homens, inspirando-os a serem sempre os maridos, segundo o seu Sagrado Coração.
Pe. Aloísio Vieira