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Palavra do Padre
ALOISIO VIEIRA

MÊS DE abril de 2023
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A realidade da colonização no dia a dia

Existem dois tipos de colonização: de exploração e de povoamento.

A colonização de exploração visa retirar recursos naturais e minerais ou a produção de bens e serviços para o colonizador. Este tipo de colonização não está interessado em desenvolver a área colonizada. Este tipo de colonização ocorreu nos países da América do Sul e Central.

Na colonização de povoamento, os colonizadores buscam desenvolver a região colonizada. Criam leis, organizam, investem em infraestrutura e lutam por melhorias. Como exemplo, podemos citar a colonização inglesa nos Estados Unidos.

Ao contrário do que muita gente pensa, a colonização, tanto de exploração quanto de povoamento, não se refere apenas à relação entre países ou à relação entre regiões geográficas; mas, pode acontecer, guardadas as características peculiares, entre pessoas também. Neste caso, a relação será de dependência e subserviência. O mesmo pode ser dito quando o caso é entre instituições.

A ‘pessoa colonizadora’, no caso de colonização de exploração, usa os seus próprios recursos (dons, habilidades, tempo etc.) e os recursos da ‘pessoa colonizada’ para seus interesses particulares e/ou satisfazer suas necessidades pessoais.

A ‘pessoa colonizadora’no caso de colonização de povoamento, usa os seus próprios recursos (dons, habilidades, tempo etc.), aliado às potencialidades da ‘pessoa colonizada’, para elevar a ‘pessoa colonizada’, fazendo-a progredir, amadurecer, evoluir.

O problema aqui não está na colonização; mas, na finalidade dela, no seu objetivo. Está no porquê colonizar. Às vezes, à ‘pessoa colonizada’, interessa manter-se nesta posição, pois se tornará uma pessoa melhor a cada passo. É a característica básica da relação mestre-discípulo. Porém, quando o discípulo é mais amadurecido que o mestre, caso o discípulo não perceba a tempo e abandone a relação ou os papéis entre eles se invertam, os dois vão para o buraco. Quando o discípulo é tão amadurecido quanto o mestre, os dois não sairão do lugar, vão amassar barro a vida inteira, pois nenhum dos dois tem muito a oferecer ao outro. Neste último caso, a permanência na relação pode garantir uma convivência confortável.

Quando falamos da relação interpessoal de exploração, as coisas se complicam. É uma relação, como já disse, de dependência e subserviência, uma relação draconiana, vampiresca. Neste nosso artigo, nos interessa falar desta relação; pois, pode estar acontecendo com você e você pode nem estar percebendo.

As relações interpessoais precisam trazer benefícios para todas as pessoas envolvidas. As pessoas com as quais nos relacionamos devem contribuir para que nos tornemos pessoa melhor, para que continuemos crescendo. Da mesma forma, quando partilhamos a nossa com os outros, devemos contribuir para que eles continuem evoluindo. As relações interpessoais precisam ser enriquecedoras, por meio da partilha de vida. Viver assim é viver como cidadão do céu e não do mundo. Jesus diz ao Pai:”Mas, agora, vou para junto de ti. Dirijo-te esta oração enquanto estou no mundo para que eles tenham a plenitude da minha alegria. Dei-lhes a Tua palavra, mas o mundo os odeia, porque eles não são do mundo, como também eu não sou do mundo. Não peço que os tires do mundo, mas sim que os preserves do mal. Eles não são do mundo, como também eu não sou do mundo.” (Jo.17,13-16)

Tal coisa não é possível na relação interpessoal de exploração, pois neste tipo de relacionamento uma pessoa se serve da outra, sem retribuição.

A mesma coisa podemos observar no relacionamento entre instituições ou entre governo e seu povo. Quando uma instituição e/ou o povo, dentre as suas finalidades, existe para satisfazer as necessidades de outra ou do governo, numa relação draconiana, vampiresca, sem poder de reação, não terá satisfação nos esforços próprios que empreender. Vai trabalhar cada vez mais para uso e fruto de terceiros. O que a colonizadora precisar ou achar que deve usar, vai mandar pegar ou exigir à colonizada.

Imagine quando tal coisa acontece entre marido e mulher, entre pais e filhos, entre irmãos, entre vizinhos etc. É isto que destrói o relacionamento, onde a parte colonizadora fica sem entender o que está acontecendo e a parte colonizada não suporta mais. Neste sentido, devemos nos preocupar constantemente se estamos contribuindo com o crescimento pessoal das pessoas com as quais nos relacionamos. Se você está num relacionamento deste tipo, como colonizador ou como colonizada, deve mudar logo o tipo de relacionamento ou o próprio relacionamento terminará.

Pe. Aloísio