No mundo sempre existirão pessoas que vão amar você pelo que você é, e outras, que vão odiar você pelo mesmo motivo. É engano achar que todos vão amar você pelos valores que você vive e outras vão odiar você pelos contra valores que vive. Não é assim. As pessoas não separam, em você, o joio do trigo, seus defeitos de suas qualidades. Muitos vão amar você pelos seus defeitos e muitos vão odiar você também pelos seus defeitos. Muitos vão amar você pelos seus valores e muitos vão odiar você também pelos seus valores.
Lembre-se, o gostar de você ou o odiar você, não está em você; está na pessoa que gosta e na pessoa que não gosta de você. Nem Jesus Cristo, que só fez o bem, agradou todo mundo. É bom lembrar também que Nosso Senhor Jesus Cristo não fez questão de agradar a todo mundo. Me vem à lembrança agora a passagem do Jovem Rico (Mt.19,16-23). Depois que Jesus disse a ele “Se queres ser perfeito, vai, vende teus bens, dá-os aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me!” (Mt.19,21), ele ouvindo essas palavras, foi embora muito triste, porque possuía muitos bens (Cf.Mt.19,22). Ele foi embora não por causa de Jesus, mas por causa dele mesmo, pois era apegado aos seus muitos bens.
É importante ser solícito para com todos, mas você não pode basear a sua vida na sua aceitação pelos outros. É preciso ter autoestima elevada, sem, contudo, ser arrogante, prepotente e/ou auto suficiente. Você deve aprender com os acertos e erros dos outros, como também deve deixar que os outros aprendam com os seus. Quando alguém disser que não gosta de seus defeitos, diga ‘é só não copiar eles para você mesmo’. Quando alguém disser que não gosta de você pelos valores que você vive, diga ‘tudo bem, mas não tente me impedir de vivê-los’. Quando alguém disser que gosta de seus defeitos, diga ‘você gosta do pior de mim’. Quando alguém disser que gosta de você pelos valores que você vive, diva ‘tudo bem, vem comigo e vamos vivê-los, em parceria’.
Ser solícito para com os outros não pode despersonalizar você, mas deve dignificar você. Quem baseia sua vida pela aceitação ou não aceitação dos outros, esvazia-se, despersonaliza-se, ou seja, não é ninguém para si mesmo, quando os outros vão embora. É uma pessoa que não sabe conviver consigo mesma. É uma pessoa que não conhece a si mesma; ou seja, precisa se conhecer e auto afirmar-se, precisa dizer para si mesma quem ela é.
Porém, tudo isto não implica que você fique satisfeito consigo mesmo, no grau de evolução no qual se encontra. A vida é uma metamorfose, você sempre evoluindo, amadurecendo; precisa estar sempre caminhando. Torne-se amanhã melhor do que é hoje. Mas, lembre-se, não se constrói uma casa de cima para baixo, uma planta é uma planta quando germina e é uma planta que está adulta. Ela evolui concretizando suas potencialidades. Você não pode ser, amanhã, 100% diferente do que é hoje. Procure aperfeiçoar-se em seus pontos fracos, defeitos e limitações, não no sentido de torná-los mais fracos ainda, mais defeituosos ainda ou mais limitados ainda; mas, no sentido de torná-los palatáveis; ou melhor, no sentido de serem aceitáveis para si mesmo e para os outros. Não tente eliminá-los, caso não sejam elimináveis; pois as fraquezas, os defeitos e as limitações são da natureza humana. Não somos perfeitos e temos que nos aceitar assim. Aceitar e não nos conformar. Por outro lado, nossas qualidades não são perfeitas, podem ser sempre melhoradas. Desta forma, evoluímos sem deixar de ser quem somos, na essência; sem nos descaracterizarmos.
Então responda: Como você trata você mesmo? Como as pessoas ao seu redor tratam você”?
Pe. Aloísio