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Palavra do Padre
ALOISIO VIEIRA

MÊS DE julho de 2024
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Caminhos da liberdade – parte 02

Neste mês ficamos de refletir sobre a liberdade, no âmbito interno da pessoa. A primeira verdade que devemos aceitar, uma vez que não podemos refutar, é que o ser humano pode ser escravo de si, mesmo que não o seja externamente ou em relação à cultura e à sociedade onde vive.

A liberdade supõe convivência, uma vez que a pessoa é inseparável, pelo menos, de sua cultura e de sua sociedade. Uma vez que foi criado dentro delas e as internalizou. Mesmo que vá morar de forma isolada, o ser humano vai levar dentro de si a cultura e a sociedade. Neste sentido, a liberdade supõe a submissão aos parâmetros culturais e sociais, para ser verdadeira liberdade. Viver ao arrepio delas não é liberdade, é libertinagem.

Já ouvimos muitas pessoas dizerem que são livres, pois fazem o que querem, o que desejam, o que tem vontade. Quem faz somente o que quer, o que deseja, o que tem vontade, não é livre. Internamente, livre é quem faz o que é necessário e não o que deseja.

Muitas vezes acordamos de manhã e não desejamos nos levantar e nos arrumar para trabalhar. Mas, mesmo desejando ficar na cama, nos levantamos e nos preparamos para trabalhar. Muitas vezes não desejamos continuar os estudos, na escola; mas, continuamos a estudar, pois queremos nos formar. Não desejamos passar pelas lutas, sacrifícios, provações etc. que se nos apresenta, mas os enfrentamos mesmo assim. Tudo isto, e muito mais, são decisões que tomamos, mesmo contra nossos desejos, pensando na meta que queremos alcançar. É este conjunto de coisas que nos trouxe até onde estamos, que nos fizeram o que somos.

Quem faz apenas o que deseja e nada mais, é escravo de seus desejos e vontades, não é livre. Neste sentido, ser livre é ser senhor de seus desejos e vontades e não escravo deles. Quero frisar que ser livre não é eliminar os desejos e as vontades, nas ser senhor deles; isto é, não vão atrapalhar, nem mesmo ameaçar, a minha convivência social e não vão inviabilizar, nem mesmo ameaçar, o que eu planejo alcançar, as minhas metas de vida. Então, faço o que preciso fazer e não o que desejo fazer, quando este ameaça ou vai impedir o primeiro.

O Evangelista Lucas nos diz o que aconteceu no Monte das Oliveiras, quando Jesus disse: “’Pai, se é de Teu agrado, afasta de mim este cálice! Não se faça, todavia, a minha vontade, mas sim a Tua’. Apareceu-lhe então um anjo do céu para confortá-lo. Ele entrou em agonia e orava ain­da com mais instância, e seu suor tornou-se como gotas de sangue a escorrer pela terra.” (Lc.22,42-44) Jesus não fez o que, naquele momento, a Sua humanidade queria, desejava; mas fez o que era preciso. Antes deste momento, quando estava indo para Jerusalém, para seu martírio, São João nos relada o que Jesus disse, após revelar aos apóstolos o que aconteceria: “Agora, a minha alma está perturbada. Mas que direi?… Pai, salva-me desta hora… Mas é exatamente para isso que vim a esta hora.” (Jo.12,27)

É pacífico que as crianças agem mais pelos seus desejos do que pela razão, que elas precisam aprender a serem senhoras de seus desejos e vontades. Amadurecer é, em parte, ser senhor de si mesmo, de forma responsável e consciente. São Paulo nos diz: “Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como crian­ça. Desde que me tornei homem, eliminei as coisas de crian­ça.” (1Cor.13,11) O ser humano está sempre amadurecendo, até o dia de sua morte. Vamos buscar sempre estar caminhando nesta estrada.

Pe. Aloísio