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Palavra do Padre
ALOISIO VIEIRA

MÊS DE junho de 2025
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Como equilibrar Marta e Maria e Corpus Christi!

A visita de Nosso Senhor Jesus Cristo à Santa Marta e Santa Maria, descrita em Jo.10,39-42, nos ensina muita coisa, principalmente quando analisamos sob o prisma de Corpus Christi.

Primeiro, vamos relembrar o que é Corpus Christi. É uma solenidade litúrgica da Igreja Católica dedicada à celebração pública do mistério da Eucaristia, ou seja, do Santíssimo Sacramento do Corpo e Sangue de Jesus Cristo. Foi instituída no século XIII, por ordem do Papa Urbano IV, em 1264, para afirmar a fé na presença real de Cristo na Eucaristia, ou seja, o pão e vinho consagrados tornam-se verdadeiramente o Corpo e o Sangue de Cristo. É celebrada na quinta-feira seguinte ao domingo da Santíssima Trindade, geralmente 60 dias após a Páscoa. Os fiéis participam da Santa Missa solene, de exposição e adoração ao Santíssimo Sacramento e procissões nas ruas, manifestando publicamente sua fé. Uma tradição marcante, especialmente no Brasil e em Portugal, é a confecção de tapetes coloridos e artísticos feitos de serragem, flores e outros materiais, pelos quais passa a procissão com o Santíssimo Sacramento. A hóstia consagrada é levada em ostensório, sob um pálio, percorrendo ruas enfeitadas, enquanto os fiéis louvam e cantam. Representa a centralidade da Eucaristia na vida da Igreja e no cotidiano dos fiéis.

Mas, qual a relação que podemos fazer com Santa Marta e Santa Maria, na visita que Nosso Senhor Jesus Cristo as fez? Lendo o evangelho, percebemos que Santa Marta está ocupada com muitas coisas e Santa Maria deixou tudo para ficar e ouvir Nosso Senhor, sem distração e sem dividir sua atenção. Portanto, no fundo, como equilibrar a ação, as atividades com a contemplação, com as orações.

É aqui que devemos nos lembrar do que Nosso Senhor disse em Mt.22,37-40, quando resumiu toda a Lei e os Profetas em dois mandamentos, ou seja “(…)Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu o coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito (repetindo o que está Dt 6,5) (…) Amarás teu próximo como a ti mesmo (repetindo a segunda parte de Lv 19,18).”

São Tomás de Aquino ensinou, no século XIII, quando apregoavam a dicotomia entre oração e ação, privilegiando a ação em detrimento da oração, que o auge da questão, a excelência é contemplar e transmitir aos outros o que contemplamos, fazer apostolado daquilo que nós contemplamos. Em outras palavras, a oração ilumina e orienta a ação. A fé, sem obras, é morta, como nos afirma São Tiago em sua Carta (2,17); mas a ação, sem oração, é infrutífera, como nos diz o salmo 126(127),1: “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a constroem. Se o Senhor não guardar a cidade, debalde vigiam as sentinelas.” Nunca devemos abandonar Santa Marta e nunca abandonar Santa Maria; unir, em nossa vida, a oração e a ação.

Celebrar Corpus Christi é também celebrar a união da oração e ação de Nosso Senhor Jesus Cristo. É a comunhão com o Pai e com o Espírito Santo que leva Nosso Senhor a entregar-se à morte, a agir como agiu. “Eu e o Pai somos um” (Jo.10,30), “Meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e cumprir a sua obra” (Jo;4,34), “Há tanto tempo que estou convosco e não me conhe­ceste, Filipe! Aquele que me viu, viu também o Pai. Como, pois, dizes: Mostra-nos o Pai…” (Jo14,9). Não poderia ser diferente. E é nesta comunhão que Nosso Senhor Ressuscitou.

Não é salutar, para a nossa fé, fazer a divisão entre oração e ação, como também não é salutar privilegiar a ação em relação à oração. A ação de uma pessoa é a expressão do que ela é. Não que a pessoa seja definida pelo que faz e não possa mais mudar. O ser humano é aberto ao amadurecimento, ao crescimento, à evolução. São Lucas (2,52) no diz o seguinte: “E Jesus crescia em estatura, em sabedoria e graça, diante de Deus e dos homens.” Devemos acrescentar aqui que o ser humano, além do amadurecimento, do crescimento, da evolução, também está aberto à conversão, caso a fé indique que seja necessário mudar de rumo.

Termino com a preciosa exortação de Nosso Senhor a seus discípulos, e nós somos seus discípulos: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo” (Mt.6,33).

Pe. Aloísio Vieira