De modo geral é viver como Jesus viveu em nosso meio. Mais uma vez somos chamados a seguir o mestre.
Estar no mundo é ter consciência de que não estamos alheios às realidades terrenas, isentos do que acontece no mundo. O que acontece no mundo nos afeta também, sofremos as consequências dos caminhos por onde o mundo anda. Se há carestia, sofremos os reflexos; havendo crescimento da marginalidade, somos afetados; havendo desemprego, também podemos ficar desempregados; melhorando a vida de todos, a nossa também vai melhorar e assim por diante.
Jesus aprendeu e exerceu a profissão de seu pai, carpinteiro; Jesus viveu numa Israel dominada pelo Império Romano; também passou por carestia, marginalidade, desemprego etc. Jesus era igual a nós em tudo, exceto no pecado.
Estar no mundo também é sentir fome, frio, cansaço, alegria, tristeza, perder, ganhar, ser derrotado, derrotar, fracassar, ter sucesso, tomar decisões e passar pelas consequências dela, sofrer as consequências das decisões dos outros, principalmente dos governantes etc. Jesus também teve que passar por tais situações. Jesus assumiu a condição humana em tudo.
Estamos no mundo e passamos pelo que o mundo passa. Não somos anjos ou coisa semelhante. O discípulo de Jesus está com suas raízes no mundo.
No entanto, não somos do mundo. Ser do mundo é reagir ao que nos acontece da forma que o mundo quer, viver pelos princípios e valores que o mundo prega, ver as coisas como o mundo as vê.
O cristão reage, vive pelos princípios e valores e vê o mundo como Jesus. É aqui que está a diferença entre o cidadão do mundo e o cidadão do Céu. Olhar o mundo com os olhos da fé, do espírito e não com os olhos da carne. Entender o mundo com os dons do Espírito Santo e não entender o mundo com da forma que o mundo quer. Eis alguns exemplos: o mundo ensina a ser servido, Jesus ensina a servir; o mundo ensina a acumular, Jesus ensina a partilhar; o mundo ensina a valorizar o ter, o poder e o prazer, Jesus ensina a valorizar o ser, o servir e os prazeres do espírito. E assim por diante.
Mas, há dois riscos grande, para os quais devemos chamar a atenção.
A primeira delas é ser cristão materialista, isto é, achar que o Reino de Deus será completamente construído aqui na terra. Que o Céu, o Paraíso será aqui na terra. Estas pessoas entendem que a fé deve servir exclusivamente para a luta pelos bens materiais e pelas condições dignas de vida para todos. Que a fé não tem outro sentido. Com isto, desvalorizam a oração, a contemplação, a adoração, os retiros espirituais etc. São aqueles cristãos que acham que a cruz de Cristo só tem o travessão horizontal.
A segunda é ser cristão desencarnado, espiritualista. Estes cristãos acham que nem estão no mundo. Pregam o puritanismo, o afastamento das coisas deste mundo, o não envolvimento com as lutas diárias de todos os seres humanos. Diante das adversidades da vida, clamam a Deus por soluções miraculosas. Tudo que eu precisar o Cara lá de cima vai me dar, vai providenciar. Para estas pessoas, a crus de Cristo só tem o travessão vertical.
Mas, todos nós sabemos que sem os dois travessões (horizontal e vertical) não temos a cruz.
Gosto muito do exemplo do trabalhador rural, para compreender isto. O trabalhador rural sabe que se ficar assentado na varanda de sua casa, o saco de arroz não vai cair no seu colo. Então ele se levanta, pega seus instrumentos de trabalho e vai preparar a terra. Ele limpa a terra, passa o arado, cova a planta. Ele sabe que, apesar de todo o trabalho que teve, isto não é garantia de que a terra vá produzir. Ele confia que Deus vai fazer a terra fértil, vai fazer a semente vai germinar, crescer florir e frutificar, vai mandar a chuva, vai dar o dia e a noite etc. Confia que Deus fará a sua parte para que, no final, ele possa colher.
É desta forma que devemos viver a nossa fé.
Que Jesus esteja presente em sua vida e faça você despertar para a participação na comunidade, trabalhando em alguma pastoral, para o bem da comunidade e do Reino de Deus.
Pe. Aloísio.