A Obra Prima de Deus é o ser humano, criado à Imagem e Semelhança d’Ele. Em cada um de nós Deus colocou a sede ou a vontade de encontrá-lo, de estabelecer comunhão com Ele. Comunhão de vida, de ser UM com Deus. Encontramos a verdadeira realização humana quando encontramos Deus, quando vivemos na presença do Criador. Assim sendo, quando seguimos o nosso coração, em conformidade com os valores essencialmente humanos, podemos encontrar Deus pela própria natureza. Deus está em nossos corações.
Mas, corrompido, o coração se perdeu em meio a tanto desvirtuamento. Os sinais deste desvirtuamento estão à nossa volta. A destruição da natureza, a relação draconiana que temos para com a natureza e de uns para com os outros, os contra valores que imperam em nossa sociedade, os itinerários autodestrutivos que adotamos, obscurecem nossos corações e nos deixam como que perdidos no meio da estrada da vida. Em consequência disso, voltamos nosso olhar para as coisas deste mundo, para as coisas materiais. Passamos a acreditar que este mundo é a nossa morada definitiva. E, por isso, a morte se revela tão assustadora, aterrorizante.
Então, na Sua Misericórdia, Deus resolveu escrever uma segunda Obra, as Sagradas Escrituras. Resolveu nos ensinar seus caminhos; como Pastor, nos conduzir pelas estradas da vida. As Sagradas Escrituras nascem da Palavra de Deus vivida, experimentada na vida daqueles que Lhe são fiéis. Didaticamente, Deus nos mostra, na Bíblia, que Sua Palavra está encarnada. Depois de experienciar Deus em suas vidas e ouvi-Lo nos acontecimentos, em combinação com a ação dos crentes nestes acontecimentos, os homens de Deus colocaram em livros esta Palavra, fazendo surgir a Bíblia.
É por isso que a Palavra de Deus é tão importante quanto a Eucaristia. A mesma adoração, respeito, consideração e submissão, que prestamos à Eucaristia, devemos prestar à Palavra. Diante da Bíblia, diante da proclamação da Palavra, devemos nos portar como diante do calvário. O que não faríamos diante do calvário, não devemos fazer diante da Bíblia. Por exemplo, ninguém bateria palmas diante de Jesus sendo crucificado, no calvário; então nunca batemos palmas para a Bíblia ou para a leitura de alguma passagem ou para a bênção com a Bíblia; mas nos curvamos em adoração.
Para terminar, podemos concluir que as Sagradas Escrituras são o norte para a nossa vida. Meditar a Bíblia, desarmadamente; ouvir a sadia pregação da Palavra, de coração aberto, nos conduz à comunhão com o Criador, à fé autêntica que, colocada em prática, nos faz sal, luz, fermento para o mundo e para todos os que nos rodeiam; fazendo com que os outros vejam Deus em nós. Mas, para isso, faz-se necessário se desarmar, entregar-se, abandonar-se em Deus.
É assim que construímos nossos caminhos de santidade. Este mês celebramos São Francisco de Assis, Nossa Senhora Aparecida e São Geraldo Magela. Cada um deles, de forma autêntica, personalizada, construiu o seu caminho de santidade. São Francisco de Assis, chamado por Deus para reconstruir a Sua Igreja, não compreendeu, a princípio, o que Deus realmente queria dele e começou a reformar uma pequena capela chamada ‘Porciúncula’, em Assis. Depois compreendeu que o chamado de Deus era para reformar toda a Igreja, conduzindo-a a perceber o mundo e a evangelização a partir da pobreza de espírito e de coração: “Tudo é do Pai” e a tratar a natureza como ‘irmã’. São Geraldo Magela, nas palavras de Santo Afonso Maria de Ligório, fundador da Congregação na qual nosso santo ingressou e vivei, comentou que São Geraldo Magela era um santo, o santo da obediência, configurado a Cristo, o Cristo obediente, caluniado, esquecido, maltratado. Estudando a história de nosso padroeiro, podemos afirmar que, sem sombra de dúvida, ele construiu sua santidade no caminho da obediência. O que, para nós, seria motivo de resmungar, murmurar, reclamar; para São Geraldo Magela era o caminho de santidade.
O testemunho de São Francisco de Assis e o testemunho de São Geraldo Magela dizem muito para toda a Igreja hoje.
São Francisco de Assis: Perceber o mundo e a evangelização a partir da pobreza de espírito e de coração: “Tudo é do Pai” e a tratar a natureza como ‘irmã’.
São Geraldo Magela: o santo da obediência, configurado a Cristo, o Cristo obediente, caluniado, esquecido, maltratado. O que, para nós, seria motivo de resmungar, murmurar, reclamar; para São Geraldo Magela era o caminho de santidade.
Tudo isto encontramos em Nossa Senhora. Obedeça à Mãe Maria: “Disse, então, sua mãe aos serventes: ‘Fazei o que ele vos disser’.” (Jo.2,5) Conhecemos bem a história de Nossa Senhora para saber que os dois santos estão nela, por meio dos caminhos de vida que percorreram para chegar à santidade e evangelizarem o mundo com suas vidas.
Que Deus o ilumine não só neste mês missionário, mas durante o ano todo, quando procuramos iluminação nas sagradas Escrituras para o nosso agir na fé.