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Palavra do Padre
ALOISIO VIEIRA

MÊS DE outubro de 2022
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“Virtus in medium est – parte 2”

Uma das provas de que Deus é todo poderoso, que não tem fronteiras, que é grande, é o próprio ser humano. Não há duas pessoas iguais neste mundo, nunca houve; nem mesmo os gêmeos univitelinos são totalmente iguais. Cada um de nós é único e irrepetível. Nunca houve, não há e nunca haverá alguém igual a você neste mundo. Quantas variações do ser humano poderá ser criada? Para Deus isto é infinito. Infinito porque Ele quer assim.

E isto fica cada vez melhor se considerarmos que o ser humano tem a mesma base ou base única; isto é, biologicamente, psicologicamente, emocionalmente, espiritualmente somos iguais. Mesmo sendo biologicamente iguais, cada um de nós tem sua impressão digital, seu rosto, sua altura, cor de pele etc., somos únicos. Mesmo sendo psicologicamente iguais, cada um de nós é diferente, vê as coisas de forma diferente, reagimos de forma diferente etc., somos únicos. Mesmo sendo emocionalmente iguais, com as mesmas características potenciais, somos diferentes, sentimos de forma diferente etc., somos únicos. Mesmo sendo espiritualmente iguais, pois todos tem fome e sede de Deus, buscamos a transcendência; somos diferentes, mesmo tendo a mesma fé, somos únicos. Cada um de nós exerce o seu ‘ser no mundo’ de forma única.

E isto não se refere apenas ao fato de que cada um de nós se desenvolve de forma diferente; isto é, o ser humano é em ‘potência’, pode ser o que quiser no mundo. Nasce igual e se torna diferente à medida que faz sua experiência existencial. E, mesmo que fosse, não invalida o argumento deste artigo, pois há elementos que nos torna únicos e não dependem da experiência existencial.

Desta forma, cada um de nós ‘é o que é’, enfrenta a dor e a alegria de ‘ser o que é’. Vive e busca se aprimorar, evoluir da melhor maneira possível, segundo o escopo que adota para si mesmo. E é neste sentido que a pessoa é autora de sua própria história, responsável por si mesma, exerce o protagonismo de sua própria existência.

É claro que há os aspectos contextuais; isto é, elementos e situações sociais, climáticas, econômicas, políticas etc., portanto não dependem só da pessoa, às quais ela é submetida e precisa enfrentar. Contextuais como ser negra, branca ou índia, ser homem ou mulher, ser pobre ou rica, nascer numa família sadia ou patológica, nascer sadia ou doente, nascer nos trópicos ou em áreas geladas etc. ou ainda enfrentar eventualidades existenciais como ficar cega ou perder um de seus membros, ter um órgão deficitário que precisa ser substituído etc. Mas, mesmo em uma ou mais destas condições, a pessoa ainda exerce certo protagonismo, uma vez que vai reagir ao que lhe é imposto. Por exemplo, uma família de cinco filhos, onde o pai ou a mãe falece. Cada filho vai reagir de forma diferente, diante do mesmo fato. Raramente estamos exclusivamente à mercê dos aspectos contextuais.

É em relação a tudo isto que devemos levar em consideração a capacidade de reação de cada pessoa, a capacidade de exercer o seu protagonismo, escrever a própria história, ser única.

Esta é uma das medidas ou parâmetros que devemos usar, como cristãos, para conosco mesmos e para com o próximo. Caso contrário prejudicaremos a nós mesmos ou ao próximo, com nossa solidariedade e fraternidade. Vamos analisar um exemplo simples: você ou alguém recebe cesta básica, por causa da condição financeira em que se encontra. Se você não reagir à esta condição, buscando maneiras de sair deste lugar em que se encontra, vai eternamente depender dos outros, vai ser escravo desta condição contextual. O ser cristão deve primar pela libertação, pela dignidade, segundo os critérios de Nosso Senhor Jesus Cristo, e não pela manutenção da indignidade, da escravidão, tanto de si mesmo quanto do próximo. Ser o libertador é isto. Educar na fé é isto. Este é o testemunho cristão que devemos oferecer ao mundo: viver e oferecer condições para que os outros vivam como filhos de Deus, irmãos de Jesus Cristo e unidos no Espírito Santo. Aqui quero lembrar a ‘Teologia do Corpo’ de São Paulo, que exemplifica muito bem que estou dizendo. Pense nisto.

Procure a maturidade na fé, primando pelo equilíbrio. “Virtus in medium est” (A virtude está no meio), uma frase de Aristóteles, que acreditava que a virtude está na média ponderada dos fatos.

Que Jesus esteja presente em sua vida, despertando você para a participação na comunidade, atuando em alguma pastoral, para o bem da comunidade e do Reino de Deus.

Pe. Aloísio.