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06/02 Notícias da Igreja Talitha Kum: o tráfico humano no Brasil é grave, não deve ser normalizado
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“Em 2024 tivemos 1 caso de tráfico de pessoa por dia. Seriam 365 pessoas por ano. Não é pouco! Ainda se fosse só uma já era o suficiente para a nossa luta”, afirma um jovem brasileiro, membro da rede internacional de religiosas ‘Talitha Kum’ que combate esse mal. Luís Rogério é um dos “Embaixadores da Esperança” que nesta semana participa das atividades que antecipam o XI Dia Mundial de Oração e Reflexão contra o Tráfico de Pessoas de 8 de fevereiro, que conta inclusive com audiência com o Papa.

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“No Brasil nós temos essa dificuldade que é a conscientização da população desse mal, o quanto ele é grave. Porque aos poucos esse mal vai se normalizando, vai se sentando à mesa conosco e nós vamos dizendo ‘nada’.”

O hóspede, nada bem-vindo na casa dos brasileiros, do qual fala Luís Rogério, é o tráfico humano. O jovem leigo vive atualmente em Roma, onde frequenta o curso de Ciências Sociais na Pontifícia Universidade de São Tomás de Aquino, com trabalhos desenvolvidos sobre a Doutrina Social da Igreja que deram abertura para atuar junto à rede mundial de religiosas Talitha Kum contra o tráfico de pessoas – que conta com 6 mil membros. Por isso o brasileiro conhece bem a realidade vivida pelas vítimas e se tornou um dos “Embaixadores da Esperança” para reforçar o compromisso de unir a fé com ações concretas para erradicar essa violação dos direitos humanos.

A iniciativa, em continuidade com o Jubileu da Esperança, está reunindo jovens da rede mundial antitráfico de todos os continentes na capital italiana. Junto a representantes de organizações internacionais, os embaixadores estão participando de uma semana de formação e de encontros, como aquele realizado nesta terça-feira (04) na praça e na Basílica de Santa Maria em Trastevere, quando fizeram um flash-mob contra o tráfico e participaram de uma vigília de oração ecumênica.

Em 2024, Brasil registra 1 caso de tráfico humano por dia

De acordo com as Nações Unidas, estima-se que 50 milhões de pessoas sejam vítimas do tráfico atualmente no mundo. As pessoas que mais sofrem são as mulheres, as crianças, os migrantes e os refugiados. No Brasil, a situação não é diferente, como confirmou Luís Rogério ao trazer os números do país:

“É muito grave. É muito pior do que a gente pensa. Segundo os dados oficiais, no ano de 2024 nós tivemos um caso de tráfico de pessoas por dia. Um tráfico por dia! Então seriam 365 pessoas ao todo por ano. E eu sempre digo que, às vezes algumas pessoas dizem, que 365 pessoas é pouco… Não, não é pouco! Ainda se fosse só uma já era o suficiente para a nossa luta. É uma situação grave que as pessoas não têm consciência e, aos poucos, isso vai se normalizando; é uma coisa que nós não podemos deixar acontecer: fazer com que o tráfico se torna uma coisa normal; acontece, nós não podemos fazer nada e assim vai ficando. E é isso que eu vejo que no Brasil as pessoas não têm consciência. Quando uma mulher é traficada e quando sai uma reportagem no jornal, o que as pessoas dizem é aqui ‘ah, mas também fica ela foi fazer lá’; ‘ah, mas também ela não via que isso era uma armação’; ‘ela não via que isso estava estranho’. As pessoas não veem isso, as pessoas veem aquela ilusão, a promessa do emprego e da melhora de condição financeira. Por isso que essas pessoas caem nessa armadilha do tráfico humano.”

A grande dificuldade de quem é vítima do tráfico, continuou Luís Rogério, é recomeçar, porque “ela fica com uma chaga na alma, eu diria assim”. O brasileiro, então, trouxe o exemplo de uma mulher que foi traficada para a Espanha, Portugal e França e, diante daquela realidade em que era forçada a se prostituir, caiu no mundo das drogas. Mas, hoje, ela se recuperou totalmente, é assistente social e trabalha no combate ao tráfico: “ela é um exemplo de superação, mas muitas mulheres não tem a coragem que ela teve de recomeçar”, observou ele. As barreiras vêm de traumas psicológicos e consequências físicas para o corpo da mulher, acrescentou Luiz Rogério, mas também da sociedade que tem dificuldade em acolher e dar o devido amparo emocional para elas.

A audiência com o Papa Francisco

Por ocasião do XI Dia Mundial de Oração e Reflexão contra o Tráfico de Pessoas, celebrado todos os anos em 8 de fevereiro, festa de Santa Bakhita – religiosa sudanesa vítima de tráfico, os jovens embaixadores irão se reunir para um dia inteiro de diálogo e trabalho que culminará com o lançamento do novo apelo global à ação contra o tráfico. No dia anterior, em 7 de fevereiro, o grupo irá se unir a sobreviventes e representantes de organizações promotoras da jornada para encontrar o Papa Francisco, no Vaticano. No mesmo dia começa uma romaria on-line que deve atravessar todos os continentes e fusos horários e será transmitido ao vivo em 5 línguas: além do português, em inglês, espanhol, francês e italiano.

“O objetivo é conscientizar as pessoas desse mal que temos na sociedade, mas dizer essa palavra de esperança: que nós, jovens, que lutamos contra o tráfico humano, temos esperança que um dia essa chaga terá fim na humanidade. Então, o objetivo da Semana de Oração e Combate ao Tráfico Humano é rezar pelas vítimas, combater e conscientizar a população, e transmitir esperança! Esperança para as pessoas que são vítimas do tráfico de que um dia isso terá fim e para nós, jovens, esperança na luta por um mundo melhor.”

Stefano Leszczynski e Andressa Collet – Vatican News

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