No dia 2 de março de 1810 nascia na Itália Vincenzo Gioacchino Raffaele Luigi Pecci, que mais tarde se tornaria o Papa Leão XIII, uma das figuras mais influentes da história da Igreja Católica. Ordenado sacerdote aos 27 anos e nomeado arcebispo aos 33, foi eleito Papa em 1878, permanecendo no cargo até sua morte, em 1903, aos 93 anos.
Durante seus 25 anos de pontificado, Leão XIII destacou-se por sua intensa produção de documentos eclesiásticos, abordando temas diversos, entre eles o pensamento social da Igreja. Seu nome ficou marcado especialmente pela Encíclica Rerum Novarum, de 1891, que lançou as bases da Doutrina Social da Igreja e ainda hoje é referência em debates sobre justiça social e direitos dos trabalhadores.
Contudo, outro aspecto marcante de seu pontificado foi a ênfase na devoção ao Espírito Santo. Atendendo aos insistentes apelos de Elena Guerra — conhecida como “Apóstola do Espírito Santo” —, o Papa escreveu em 1897 a Encíclica Divinum Illud Munus, a primeira da Igreja dedicada exclusivamente à pessoa e missão do Espírito Santo. O documento instituiu oficialmente a novena de preparação para a Festa de Pentecostes, encorajando a oração, o culto e a reflexão sobre a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade.
Leão XIII também foi responsável por divulgar a Ladainha do Espírito Santo, ainda recitada por fiéis em todo o mundo. Outras de suas contribuições sobre o tema, como a breve Provida Matris Charitate e a carta apostólica Ad fovendum in christiano populo, ajudaram a impulsionar o que estudiosos chamam hoje de um “retorno ao Espírito Santo” na espiritualidade católica contemporânea.
Um dos gestos mais simbólicos de seu pontificado ocorreu na noite de 31 de dezembro de 1899, na passagem do século XIX para o XX. Durante uma solene celebração eucarística, Leão XIII entoou o hino Veni Creator Spiritus e consagrou o século XX ao Espírito Santo — um ato profético que, para muitos, antecipou eventos decisivos na vida da Igreja, como o Concílio Vaticano II e o surgimento da Renovação Carismática Católica.
Mais de um século após sua morte, o legado espiritual e pastoral de Leão XIII continua a ecoar entre os fiéis. Com sabedoria pastoral e sensibilidade às inspirações divinas, ele deixou marcas profundas na vida da Igreja, especialmente ao incentivar uma relação mais íntima com o Espírito Santo.
Em suas palavras na encíclica Divinum Illud Munus, Leão XIII expressou o desejo que continua a ressoar: “Resulte disso, como é nosso desejo ardente, que nas almas se reavive e se vigore a fé no augusto mistério da Trindade, e especialmente cresça a devoção ao divino Espírito, a quem de muito são devedores todos quanto seguem o caminho da verdade e da justiça.”
CNBB